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Restaurantes tiveram em 2015 1ª queda na receita

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Por Márcia De Chiara
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Os hábitos alimentares da assistente de marketing Luciana Ramos Florentino, de 32 anos, mudaram. Até um ano e meio atrás, ela jantava fora, com o marido e a filha, pelo menos seis vezes por mês. Durante a semana, comia todos os dias em restaurante por quilo. Quando não dava tempo, pedia por telefone. Mas essa rotina não resistiu ao aumento dos preços. “Troquei o restaurante por quilo pela marmita,” conta. No ano passado, comer fora ficou 10,38% mais caro.

Para economizar, Luciana passou a preparar a refeição em casa para comer no trabalho, no dia seguinte. Jantar fora, no máximo duas vezes por mês. A pizza de fim de semana com os amigos foi mantida, mas a pizzaria deu lugar à casa de um deles. Decisões como essa fizeram com que no ano passado mais de meio milhão de famílias deixassem de jantar fora de casa, segundo pesquisa inédita da consultoria Kantar Worldpanel, que visita anualmente mais de 5 mil lares para descobrir os hábitos de consumo dos 51 milhões de domicílios espalhados pelo País.

Por causa dos preços, Luciana deixou de almoçar fora todos os dias Foto: HÉLVIO ROMERO | ESTADÃO CONTEÚDO

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“A fatia dos desembolsos com alimentação fora do lar voltou no ano passado ao patamar de 2008”, afirma a diretora comercial da consultoria, Christine Pereira. Ela explica que, no momento em que as famílias estão racionalizando gastos com alimentos, bebidas e itens de higiene e limpeza, jantar fora acaba sendo uma despesa de lazer que neste momento não é fundamental. Já o almoço é mantido porque nem sempre pode ser trocado pela marmita.

Com o bolso mais apertado por causa do avanço da inflação, a mudança de hábito dos brasileiros bateu no setor de restaurantes, bares e lanchonetes. Uma pesquisa recente da Abrasel, associação do setor, indica que um em cada seis empresários pensa em fechar as portas ou passar para a frente o negócio nos próximos 12 meses. Isso significa que 150 mil estabelecimentos estão em risco no País, diante da pressão de custos e queda no faturamento. No ano passado, pela primeira vez em 15 anos, a receita do setor caiu, se descontada a inflação. O recuo foi de 3,5% e o setor voltou para o nível de 2013. Para este ano, a expectativa é que a receita atinja R$ 160 bilhões.

O presidente da Abrasel, Paulo Solmucci Jr, acredita que o setor deve só vai conseguir recuperar essa perda no final de 2018, considerando que haja um crescimento real a partir do ano que vem.

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