
02 de fevereiro de 2016 | 09h37
A expressiva queda das importações (35,8%) evidencia de forma dramática a forte recessão da economia brasileira, reforçada pelos elevados porcentuais de redução das compras externas de bens intermediários (-35,4%), que são utilizados pela indústria de transformação. O mesmo ocorre com os bens de capital (-21,8%), que são máquinas e equipamentos para modernização e expansão da capacidade produtiva da indústria nacional. A diminuição de 28,8% nas importações de bens de consumo revela a retração da demanda das famílias no mercado interno, enquanto a queda de 60,6% dos combustíveis e lubrificantes está relacionada à redução da demanda e à queda de preços do petróleo e derivados no mercado internacional.
Aumentar as exportações é a alternativa para a retomada do crescimento, da produção, do emprego e da renda diante do quadro de recessão da economia interna. Mas não é isso o que está acontecendo.
Para as exportações voltarem a crescer, não basta apenas câmbio, mas principalmente competitividade. É preciso fazer as inadiáveis reformas tributária, trabalhista e previdenciária. A retomada do crescimento passa pela eliminação dos entraves ao investimento e, sobretudo, por previsibilidade. Sem esta, o empresário não terá a segurança necessária para buscar o mercado externo e ampliar exportações. É hora de sair do discurso e tomar ações efetivas para reduzir o custo Brasil, única forma de retomar o crescimento.
Resumindo, em outras palavras, a forte redução da atividade econômica e a consequente perda de empregos domésticos têm como contrapartida expressivo superávit comercial, cujo impacto no PIB constitui uma miragem.
*José Augusto de Castro é presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB)
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