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Resultado do superávit do setor público preocupa, diz analista

Segundo Raul Velloso, especialista em contas públicas, piora fiscal pode afastar investimento estrangeiro no País

Por Adriana Chiarini e da Agência Estado
Atualização:

O resultado fiscal do setor público "ficou muito pior de uma hora para outra" e é "inteiramente imprevisível quando vai se recuperar", disse à Agência Estado o especialista em contas públicas Raul Velloso. "Acho que o governo tinha a esperança de que a crise não derrubasse a arrecadação como derrubou. A arrecadação caiu mais que a produção industrial. Por isso, esse mal estar", afirmou. De acordo com Velloso, o superávit primário do setor público abaixo de 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) "é um sinalizador de problema". Esta manhã, o Banco Central divulgou que o superávit primário do setor público nos 12 meses até setembro ficou em 1,17% do PIB.

 

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O motivo pelo qual o superávit primário abaixo de 1,5% do PIB preocupa é que com menos que 1,5% do PIB a dívida líquida do setor público deve subir. O BC informou esta manhã que a dívida líquida do setor público subiu de 44% em agosto para 44,9% em setembro. Em dezembro, a dívida líquida era de 38,8% do PIB. Se essa tendência de alta continuar, isso pode vir a afastar investidores estrangeiros, segundo Velloso. "Se os estrangeiros acharem que o Brasil está piorando muito na parte fiscal, vão embora", afirmou.

 

"Os estrangeiro estão investindo aqui porque o Brasil está crescendo mais que a média do mundo e parece que está tudo bem na parte fiscal, mas se os Estados Unidos melhorarem na atividade econômica e o Brasil piorar no quadro fiscal, os capitais estrangeiros vão embora. E o dólar vai subir aqui", disse Velloso.

 

Para o especialista, a dedução de parte dos gastos no Projeto Piloto de Investimento (PPI) para aumentar o superávit primário, o que é permitido, não fará na prática diferença na análise do mercado. "Ninguém vai levar isso em conta. Todo mundo vai olhar o número sem PPI, que é o que interessa, e aí não há dúvida de que piorou".

 

O economista comentou que o governo ainda prorrogou a redução do IPI para eletrodomésticos da linha branca com baixo consumo de energia elétrica. Para ele, não é possível avaliar se o governo errou ao conceder incentivos fiscais para estimular a economia porque é preciso considerar o resultado da atividade econômica. Mas pela abordagem fiscal, "a única coisa certa era o crescimento do gasto". Velloso considera que a despesa do setor público é muito rígida, difícil de cortar. "E tem eleição no ano que vem, então, a situação, é preocupante", disse, lembrando que normalmente os gastos do governo aumentam em ano de eleição.

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