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"Retaliação é a negação do comércio", afirma embaixador

Por Agencia Estado
Atualização:

Apesar de pedir autorização da Organização Mundial do Comércio (OMC) para retaliar o Canadá, o Brasil não deverá utilizar seu direito de aplicar barreiras aos produtos canandeses. Segundo o embaixador do País em Genebra, Luis Felipe de Seixas Corrêa, retaliar pode acabar indo contra os próprios interesses do País, já que o fluxo de comércio seria interrompido e vários setores poderiam sair perdendo. A seguir, trechos da entrevista concedida à Agência Estado: Agência Estado - Quais seriam os efeitos da retaliação para o Brasil? Seixas Corrêa - Existe o perigo de que, ao retaliar outro país, o próprio Brasil saia afetado pela medida. Agência Estado - De que forma? Seixas Corrêa - Muitas empresas brasileiras que compram atualmente dos canadenses teriam de passar a comprar de outros fornecedores, o que poderia representar um maior custo. A retaliação é a negação do comércio. Agência Estado - Então por que é que o Brasil pede a autorização à OMC para retaliar? Seixas Corrêa - Queremos resguardar nossos direitos. O Canadá foi condenado pela OMC por suas práticas de apoio à Bombardier e agora temos o direito de tomar essa ação, que será uma arma nas negociações bilaterais que estão ocorrendo. Os anglo-saxões somente sabem negociar a partir de uma posição de força e é preciso que o Brasil faça o mesmo. Portanto, temos de ter essa arma. É como possuir uma bomba nuclear no arsenal: o importante não é utilizá-la, mas tê-la. Agência Estado - Com uma possivel aprovação da retaliação por parte da OMC, cada um dos dois países na disputa estará em situação igual nas negociações. De que forma esse contencioso que já dura mais de cinco anos poderá ser solucionado? Seixas Corrêa - Uma solução somente será encontrada quando houver uma igualdade de condições de concorrência para a Bombardier e para a Embraer. Mas, para isso, os canadenses ainda precisam revelar as condições do apoio governamental às exportações de sua empresa. Eles (canadenses) estão sempre escondendo o jogo, enquanto nós publicamos nossas condições de financiamento no Diário Oficial.

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