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Retirada do protecionismo no mundo deve ser lenta, diz Azevêdo

Ao ser questionado sobre as medidas restritivas adotadas pelo Brasil, o diretor eleito da OMC disse que 'não está lá para apontar o dedo' e que irá 'se preocupar com tendências'

Por Renata Veríssimo , Laís Alegretti e da Agência Estado
Atualização:

 

BRASÍLIA - O embaixador Roberto Azevêdo, eleito novo diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), afirmou nesta sexta-feira que o protecionismo cresceu a partir de 2008, com a crise iniciada nos Estados Unidos. Ele ressaltou que 20% das medidas consideradas protecionistas foram retiradas, mas 80% permanecem. "A esperança é que iniciemos um movimento de liberalização comercial mais robusto. Mas isso vai demorar, vai ser lento, não será de forma abrupta", afirmou, em sua primeira visita ao Brasil após a escolha para dirigir a OMC.  

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Azevêdo destacou que muitas vezes não é óbvio identificar uma medida restritiva ao comércio ou protecionista. Segundo ele, contudo, já há uma primeira indicação de que essa tendência está começando a recuar. "O diretor-geral precisa se assegurar que a retirada de medidas restritivas ao comércio se acelere", disse.

Ao ser questionado sobre as medidas restritivas adotadas pelo Brasil nos últimos anos, Azevêdo afirmou que é dever do diretor-geral da OMC se preocupar com "o caminho que o mundo está tomando". "O diretor-geral não está lá para apontar o dedo, tem que se preocupar com as tendências mundiais", defendeu.

Doha: o maior desafio. Segundo Azevêdo, o seu maior desafio será a retomada da Rodada Doha. Ele lembrou que, em dezembro, ocorre uma reunião ministerial em Bali para discutir o assunto e que seu tempo de negociação será pequeno. Azevêdo assume a OMC em setembro.

"Precisamos repensar conceitualmente a Rodada Doha, o que está sobre a mesa, e partir para uma orientação para tentamos encontrar os limites do possível e não do desejável", disse. "Precisamos esquecer o que gostaríamos de ter na rodada, para ver o que é possível ter na rodada."

O embaixador afirmou que as negociações não estão avançando na velocidade desejada. Segundo ele, o momento é delicado e com certo pessimismo em Genebra. "Espero reverter essa situação para ter um termo minimamente razoável e desejável em dezembro."

Ele afirmou que este processo é complexo. "O difícil não é trazer as pessoas à mesa, mas trazer as pessoas com espírito construtivo, abandonando as posições cristalizadas. Este é o desafio maior", disse. "Se formos ser bem-sucedidos, a agenda da organização vai correr com mais fluidez. A agenda retomará seu caminho natural", disse.

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