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Retiradas da poupança batem recorde em janeiro e somam R$ 18 bilhões

Esse é o maior volume de retirada para um único mês na série histórica do Banco Central, iniciada em janeiro de 1995

Por Fabrício de Castro
Atualização:

BRASÍLIA - Após dez meses consecutivos de captações, a caderneta de poupança fechou o mês de janeiro de 2021 com saída recorde de recursos. Dados divulgados nesta quinta-feira, 4, pelo Banco Central mostram que saíram da poupança R$ 18,154 bilhões a mais do que entrou em depósitos no mês passado. Esse é o maior volume de retiradas para um único mês na série histórica do BC, iniciada em janeiro de 1995. 

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O recorde anterior era de janeiro do ano passado, quando R$ 12,356 bilhões haviam sido sacados.

O montante de R$ 18,154 bilhões considera as retiradas ocorridas em janeiro, já descontados os depósitos feitos ao longo do mês. O resultado negativo coincide com o fim do pagamento, pelo governo, de auxílios emergenciais.

No ano passado, a poupança foi favorecida pelo pagamento dos auxílios, em meio aos esforços do governo para reduzir os efeitos da pandemia do novo coronavírus sobre uma parcela da população. 

Dados divulgados pelo Banco Central mostram que janeiro teve o maior volume de retiradas para um único mês na série histórica do BC, iniciada em janeiro de 1995. Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Além disso, a caderneta foi impulsionada em 2020 pela maior cautela das famílias brasileiras. Preocupadas com a renda futura e com medo do desemprego, muitas delas reduziram gastos e passaram a aplicar recursos na poupança, o que elevou o saldo. Esse movimento foi o que o próprio BC chamou de “poupança precaucional”.

Janeiro também é, tradicionalmente, um mês de mais saques que depósitos na poupança, em função das despesas de início de ano. Entre elas, estão o IPTU, o IPVA, a matrícula de filhos em escolas particulares e os gastos com material escolar.

“Os saques maiores da poupança em janeiro têm muito a ver com o fim do auxílio emergencial. Tinha gente que recebia os depósitos todo mês e deixava parte do dinheiro na caderneta”, afirma o economista Alexandre Cabral, professor do Ibmec-SP. Ele lembrou que a Caixa Econômica Federal abriu milhares de contas justamente para depositar benefícios a trabalhadores atingidos pelos efeitos da pandemia do novo coronavírus. “Além disso, janeiro é um mês de pagamento de impostos, de despesas com escola. Tudo isso eleva os saques”, acrescentou.

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Os pagamentos do auxílio emergencial à população de baixa renda, no valor de R$ 600, começaram a ser feitos em 9 de abril do ano passado. Nos últimos meses do ano, o governo passou a depositar na conta dos beneficiários a extensão do auxílio emergencial, no valor de R$ 300. Estes valores foram pagos apenas até o fim de dezembro.

Já em janeiro, os brasileiros retiraram R$ 263,062 bilhões brutos da poupança em janeiro e depositaram R$ 244,909 bilhões. O movimento gerou a retirada líquida de R$ 18,154 bilhões. Considerando o rendimento de R$ 1,652 bilhão no período, o saldo total da caderneta somou R$ 1,019 trilhão no fim de janeiro.

A poupança é remunerada pela taxa referencial (TR), que está em zero, mais 70% da Selic (a taxa básica de juros), hoje em 2% ao ano. Assim, a remuneração atual da poupança é de 1,4% ao ano. O porcentual não cobre necessariamente a inflação.

Essa regra de remuneração da poupança vale sempre que a Selic estiver abaixo dos 8,50% ao ano. Quando estiver acima disso, a poupança é atualizada pela TR mais uma taxa fixa de 0,5% ao mês (6,17% ao ano). 

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