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Retirados onze editais para venda da Varig

As informações, não confirmadas oficialmente, são de que pelo menos quatro empresas aéreas nacionais (TAM, Gol, Ocean Air e BRA), uma internacional (a TAP), escritórios de advocacia e consultorias já estão com o edital para análise

Por Agencia Estado
Atualização:

Onze interessados já retiraram o edital de leilão e o manual de acesso ao data room da Varig até o fim da tarde. As informações, não confirmadas oficialmente, são de que pelo menos quatro empresas aéreas nacionais (TAM, Gol, Ocean Air e BRA), uma internacional (a TAP), escritórios de advocacia e consultorias já estão com o edital para análise e deverão, a partir desta quarta-feira, ingressar no data room da empresa. A sala com informações será aberta amanhã, às 8h30, com informações detalhadas sobre a operação e os números da Varig, que tem um leilão previsto para o próximo dia 5. Uma fonte que acompanha o assunto considerou um bom resulta dez interessados terem se apresentado na véspera da abertura do data room, por conta da pressa com a qual o processo começou a ser tocado. Inicialmente, o leilão estava previsto para o início de julho. Preço inferior O edital mostrou que o preço de venda da Varig poderá ser inferior aos US$ 860 milhões anunciados previamente. Esse valor só será válido para uma primeira rodada do leilão, mas caso o preço mínimo não seja atingido, o comprador poderá fazer propostas a preços inferiores, desde que não seja a "preço vil". Essa é uma das cláusulas do edital do leilão de venda da empresa, divulgado nesta terça-feira. O documento, porém, não define o que seja preço vil, e também deixa claro que o comprador não assumirá as dívidas e passivos da empresa. Na verdade, o leilão se restringirá aos bens e direitos da companhia, especialmente os horários de vôo, os contratos de leasing (contrato pelo qual uma empresa cede a outra, por determinado período, o direito de usar e obter rendimentos de bens) e as baias e hangares nos aeroportos para a operação da empresa, entre outros ativos. O cartão Smiles também estará incluso na operação. Contrapartida Em contrapartida, o comprador terá de fazer um adiantamento de pelo menos US$ 75 milhões à Varig três dias após ser declarado vencedor. O edital abre também a possibilidade de se contestar o passivo atuarial junto ao Instituto Aerus, dos funcionários da companhia aérea. Decisão A decisão sobre a venda da companhia aérea foi aprovada pelos credores da empresa em maio. Com a determinação, foi estabelecido que o interessado poderia escolher entre a compra integral da Varig (operacional) - compreendendo os ativos totais da companhia - inclusive as rotas internacionais - ou, então, a doméstica, com operação nacional. Até 31 de dezembro do ano passado, os passivos totais da companhia atingiam R$ 9,472 bilhões - o que representava uma alta de 39% na comparação com 2003. O último balancete financeiro da companhia, divulgado em setembro de 2005, mostrava um passivo a descoberto de R$ 7,2 bilhões. Esse débito representa que, caso a empresa seja vendida, ainda haverá uma dívida neste valor. Adiamento O grupo de trabalho do Senado Federal que está empenhado em achar uma solução para a Varig vai tentar marcar uma audiência com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Segundo o coordenador do grupo, senador Paulo Paim (PT-RS), os parlamentares querem reforçar a idéia do encontro de contas entre os débitos e créditos da companhia aérea com o governo. Paim informou, também, que o grupo vai igualmente fazer um apelo a diversos governadores para que cada um deles reconheça a dívida relativa ao ICMS cobrado indevidamente no passado da Varig. "Queremos que eles sigam o exemplo do governador Germano Rigotto", disse. O governador do Rio Grande do Sul disse ontem que seu Estado iria encaminhar à empresa um documento de reconhecimento do débito. O Rio de Janeiro já fez isso em 2004. Toda essa movimentação, de acordo com Paim, tem por objetivo demonstrar aos credores que a Varig é viável e, dessa forma, conseguir um fôlego até o leilão. Os parlamentares pensam, também, ainda segundo Paim, em pedir um prazo adicional ao juiz para que o leilão possa ocorrer em torno do dia 9 e, com isso, atrair mais compradores. "A situação da Varig é emergencial e toda a ajuda é bem vinda", disse a deputada Yêda Crusius (PSDB-RS), uma das coordenadoras do grupo. Seqüência de perdas A seqüência de perdas da Varig começou após os ataques às Torres Gêmeas do World Trade Center, nos Estados Unidos, em setembro de 2001. Com o medo ocasionado pelos atentados terroristas, as companhias aéreas mundiais tiveram queda de 18% na procura. Porém, o agravante da companhia brasileira foi o fato de um representante do Trabalhadores do Grupo Varig (TGV), o comandante Luiz Martins, assumir o controle da companhia, o que fez com que certas facilidades - que nem sempre compensavam financeiramente - fossem concedidas aos funcionários. Cortes de pessoal também não eram aprovados.

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