29 de maio de 2015 | 14h50
"Este ano e 2016 não são promissores para o consumo, eu diria que neste ano uma retomada é impossível", comentou Felisoni, que também é presidente do conselho do Programa de Administração do Varejo (Provar), da Fundação Instituto de Administração (FIA).
Na comparação com o mesmo período do ano passado, a queda de 0,9% no consumo das famílias foi igual ao recuo observado no terceiro trimestre de 2003 e a maior nesta comparação desde o segundo trimestre de 2003.
Felisoni adota um tom crítico às políticas de estímulo ao consumo implementadas nos últimos anos. "O que faz com que o consumo cresça de maneira sustentável é o crescimento da capacidade produtiva do País, porque é isso que permite que se pague salários maiores, que se aumente o emprego", diz.
As perspectivas negativas para o varejo este ano são resultado de uma "combinação" de fatores negativos, diz. "O aumento dos juros compromete investimentos a médio e longo prazo e compromete o crédito, importante para o financiamento do consumo", comenta. "Além disso, as políticas de ajuste fiscal reduzem o ritmo da economia, reduzem o emprego e a massa real de salários", acrescenta.
Apesar de ressaltar o impacto negativo dos juros, o economista considera que taxas elevadas se justificam diante do atual ambiente de incerteza política. "Não se sabe até que ponto o esforço fiscal vai ser bem sucedido", comenta.
Crédito. Felisoni aponta ainda que, além da oferta restrita de crédito e dos juros altos, há uma baixa disposição do consumidor a obter algum financiamento. Diante de insegurança sobre a manutenção do emprego, as famílias evitam compromissos. "O consumidor toma decisões olhando para a frente e a preocupação das famílias com o desemprego está em alta", afirma. "Se o consumidor não sabe se manterá seu emprego, ele evita comprar bens duráveis.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.