PUBLICIDADE

Publicidade

Retração do consumo e dos investimentos freia indústria, diz IBGE

Por Agencia Estado
Atualização:

A indústria brasileira está freada devido à retração do consumo, dos investimentos e dos gastos públicos, segundo a técnica Mariana Rebouças, do departamento de indústria do IBGE. "O que mais influenciou na redução do ritmo do setor em março foi o arrefecimento da demanda no País", disse ela, ao explicar os dados de março, divulgados hoje pelo instituto ? queda de 0,8% na produção industrial. No que diz respeito ao consumo, Mariana lembrou que o crédito está estagnado em volume desde outubro do ano passado e as altas taxas de juros mantêm altos os custos de financiamento. "Março foi o primeiro momento em que houve paralisação na queda das taxas de juros, dando um sinal de cautela para o mercado e as empresas", disse. Além disso, acrescentou, houve retração também do mercado externo, com continuidade da desaceleração nos Estados Unidos e redução drásticas das vendas para a Argentina. Desse modo, as exportações, que poderiam compensar o encolhimento do mercado interno, estão prejudicadas. Os investimentos, segundo Mariana, estão ocorrendo em alguns setores, mas "qualquer país reduz investimentos em ano eleitoral". E por fim os gastos públicos estão em fase de contenção para cumprimento das metas com o FMI e em conseqüência do fim da cobrança da CPMF. "É um momento de sinal amarelo, ainda não é possível prever o que virá depois para a indústria", disse Mariana. Últimos 12 meses O indicador da produção industrial dos últimos 12 meses - que registrou queda de 0,7% no período encerrado em março ante aumento de 0,3% até fevereiro - em março apresentou o primeiro sinal negativo desde dezembro de 1999, segundo divulgou hoje o IBGE. Segundo Mariana Rebouças, o índice mostra que os impactos das quedas na produção registradas no segundo semestre do ano passado já começam a se refletir com mais força nos indicadores acumulados da indústria. Por ramos Muitos dos ramos industriais pesquisados pelo IBGE, e os mais importantes, registraram queda na produção em março ante igual mês do ano passado. Dos 20 ramos que compõem a pesquisa industrial mensal do instituto, 16 apresentaram retração no período. As reduções atingiram os setores com maior peso no indicador, como química (-2,17%), material elétrico e de comunicações (-20,58%), material de transporte (-12,67%) produtos alimentares (-2,18%) e metalurgia (-6,97%). As elevações ocorreram apenas nos ramos de extrativa mineral (13,06%), mobiliário (2,6%), farmacêutica (12,63%) e fumo (32,79%). No que diz respeito às categorias de uso, a queda foi generalizada, com destaque para bens duráveis, com retração de 10,4% como resultado especialmente da redução na produção de veículos (-17,9%) e eletrodomésticos (-10,9%). Houve queda também nessa base de comparação em bens de capital (-5,4%), bens intermediários (com maior peso sobre o índice e redução de 3,2%) e semiduráveis e não duráveis (-3,6%). A técnica Mariana Rebouças lembrou que os resultados ante igual período do ano passado ainda estão sendo influenciados por base de comparação elevada.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.