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Retrofit se torna exemplo de retomada do Centro

Além da renovação imobiliária, abre-se espaço para o público como opção de passeio cultural

Por Heraldo Vaz
Atualização:

Projeto de revitalização, com design de interiores, restaurações e preservação do patrimônio histórico, deu o prêmio de Retrofit na categoria Empreendimento para B3, a Bolsa de valores do Brasil, e para o escritório Athié Wohnrath, responsável pelas obras. Além da renovação, com ambientes para criação coletiva e colaboração entre equipes de profissionais, abre-se espaço para visitação e passeio cultural.

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Segundo a comissão julgadora do Master Imobiliário, o trabalho “qualificou o espaço da B3 para o futuro”. Com o retrofit, “mudamos todo o layout dos prédios para atender às novas necessidades da empresa, das pessoas e dos clientes”, afirma a diretora executiva de Pessoas, Marketing, Comunicação e Sustentabilidade da B3, Ana Buchaim.

Em seu voto, o júri deu o veredicto: “Mais que um exemplar trabalho de retrofit, uma contribuição determinante para o resgate do mercado no centro histórico de São Paulo”.

Centenária, a Bolsa foi fundada em 1890. Sua história está vinculada à região central da cidade. “Fomos evoluindo com a economia, construindo a história dos mercados financeiro e de capitais do País”, diz a executiva. “Nossas fachadas são tombadas, o desafio foi atualizar a B3 por dentro, destacando novas experiências.”

São três construções históricas, somando mais de 44 mil m² de área construída. Uma na Rua XV de Novembro, outra na Praça Antônio Prado e o chamado “Prédio das Moedas”, na Rua João Brícola, comprado pela B3 em junho de 2019. 

Ponto alto:Restauração de lustres, guarda corpos e mármores no térreo do 'Prédio das Moedas' Foto: B3

 

“O tripé conceitual desta obra foi a renovação, a preservação histórica dos edifícios e uma ocupação mais eficiente e integrada dos espaços”, conta Sergio Athié, sócio-fundador da Athié Wohnrath. 

Visitação

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Erguido na década de 1940, o edifício da Rua XV de Novembro ganhou o Espaço B3 no térreo. É aberto para visitação e destinado a eventos, como cerimônias de IPO (sigla em inglês para oferta pública inicial de ações) e leilões.

Nesse salão foi instalada uma cafeteria. Logo acima terá o Museu da B3, que ainda não está funcionando.

“O painel de última geração de LED reproduz chuva de papéis e iluminação customizada”, conta a diretora Ana Buchaim. “As pessoas podem acompanhar as movimentações diárias do mercado financeiro tomando um café.”

De estilo eclético, com arquitetura renascentista, barroca e neoclássica, o prédio tem escadas de mármore importado da Itália. Para a circulação dos visitantes, foram construídos elevador e escada para ligar térreo, mezanino e 1.º andar. Do 2.º ao 10.º pavimento ficam as áreas de trabalho.

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“No térreo, a estrutura e características principais do edifício foram mantidas”, diz Sergio Athié. Internamente, o espaço se tornou uma grande área livre, com acessos pelas ruas XV de Novembro e Álvares Penteado. “Além da restauração, foi feita uma atualização técnica”, afirma. “O retrofit integrou novas áreas, permitindo um layout mais aberto e colaborativo”, acrescenta.

O coração da B3 está na Praça Antônio Prado, onde fica o centro de operações de negociações eletrônicas, o famoso pregão. Hoje digital, até 2005 era operado a viva-voz. O retrofit demoliu parte das lajes, abrindo o átrio em frente às janelas do térreo ao 5.º pavimento. Ao todo são dez andares e quatro subsolos, abrigando áreas de trabalho, salas de reuniões e espaços de uso flexível para eventos.

O prédio da Rua João Brícola, vizinho ao edifício Praça Antônio Prado, foi construído em 1955. Na fachada, as portas de ferro são contornadas por 13 moedas gigantes, com imagens em relevo do tempo do Império até a República. 

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Conexão 

Como são “colados”, o retrofit inclui a conexão de andares, interligando os dois edifícios, melhorando a mobilidade interna. “Geramos mais conforto, derrubamos muros para simplificar processos e estimulamos o diálogo entre pessoas e o mercado”, diz Ana Buchaim.

A série brasileira 3%, da Netflix, com quatro temporadas, teve cenas gravadas na entrada e no saguão do “Prédio das Moedas”. Atualmente em obras, a conclusão está prevista para o ano que vem.

No térreo, aberto à visitação, terá uma área de café para ver arquitetura restaurada e elementos tombados. Fachada, lustres, sancas, guarda corpos e mármores são o ponto alto do empreendimento, segundo avaliação da Athié Wohnrath. 

O mezanino foi configurado para serviços de bem estar, com salas de relaxamento e estética. Nos outros pavimentos, há salas de reuniões, áreas de convivência com cafés e terraço para eventos. 

Lei quer levar mais habitações para a região 

A Prefeitura de São Paulo aprovou em julho a nova lei do retrofit para revitalizar prédios antigos no centro da capital paulista e transformá-los em habitações ou destiná-los ao uso comercial. Para Sergio Athié, sócio-fundador da Athié Wohnrath, é uma fonte de oportunidades, “principalmente para o mercado residencial”. O objetivo da lei é resgatar a vocação do centro, onde já existem infraestrutura de transportes e empregos. “Oferece incentivos para atrair investidores”, explica Athié.

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O CEO da It’s Informov, Marcelo Breda, acredita que terá reflexos para se resolver a questão de moradias estudantis para jovens. “Há empresas que já estão investindo nisso”, diz.

A educação, com o aumento de obras para escolas e universidades, tornou-se o principal segmento no faturamento da It’s Informov. “O mercado corporativo, que já representou 80% do faturamento da empresa, caiu para 40% do total”, calcula Breda.

A empresa também atua em coworking, hospitais, espaços culturais, hotéis, restaurantes e projetos de novos edifícios. “O faturamento de 2020, que foi de R$ 350 milhões, vai dobrar este ano”, afirma Breda.