PUBLICIDADE

Reunião da OMC começa em meio a pancadaria

Os protestos acontecem em meio à falta de otimismo em relação às chances de que os 149 membros da OMC resolvam o impasse nas negociações durante esses seis dias de conversas. Saiba mais

Por Agencia Estado
Atualização:

A reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC) começou nesta terça-feira, em Hong Kong, em meio a violentos protestos de manifestantes antiglobalização. A polícia de choque entrou em confronto com manifestantes liderados por fazendeiros coreanos que tentavam forçar a passagem pela forte segurança que protege o centro de conferências A polícia de choque entrou em confronto com manifestantes liderados por fazendeiros coreanos que tentavam forçar a passagem pela forte segurança que protege o centro de conferências. A polícia usou gás de pimenta para conter os manifestantes, mas, segundo observadores, a violência não chegou perto do que foi registrado nas reuniões da OMC em Cancún ou em Seattle. Os protestos acontecem em meio à falta de otimismo em relação às chances de que os 149 membros da OMC resolvam o impasse nas negociações durante esses seis dias de conversas. Agricultores O enviado especial da BBC a Hong Kong, Steve Schifferes, disse que centenas de manifestantes perto do centro de conferências foram dispersados depois de uma hora de impasse com a polícia. Segundo Schifferes, foram usados vastos números de policiais para conter a demonstração. O repórter contou que cerca de uma dúzia de agricultores conseguiram atravessar boa parte da baía de Hong Kong a nado, chegando bem perto do centro de conferências. Dezenas de barcos da polícia foram ao local e conseguiram fazer com que parte dos agricultores recuasse. Agricultores conseguiram atravessar boa parte da baía de Hong Kong a nado, chegando bem perto do centro de conferências Em outra ação, milhares de manifestantes antiglobalização também protestaram no centro de Hong Kong, carregando grandes bandeiras, gritando slogans e batendo tambores. "Ousadia" Mais cedo, dentro do hall de entrada do centro de conferências, dezenas de manifestantes forçaram o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, a levantar a voz para ser ouvido, enquanto eles gritavam: "Desenvolvimento sim, Doha não". Eles abriram uma faixa que dizia "Nenhum acordo é melhor do que um mau acordo" em diversas línguas. Lamy disse aos representantes da OMC que era chegado o momento de ser "ousado, aberto e pronto para correr riscos". A 6ª Conferência Ministerial da OMC começou sem um sinal concreto de que os pontos que geram impasses nas negociações podem ser resolvidos durante esses seis dias de conversações. Se isso acontecesse em Hong Kong "seria uma surpresa", disse o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. A expectativa do chanceler brasileiro é que apenas uma parte da rodada seja negociada e resolvida. "Se isso não ocorrer, nós vamos ter que apelar para os líderes porque vamos demonstrar que nós, negociadores, inclusive ministros, não fomos competentes para avançar o suficiente", comentou em referência ao encontro de chefes de Estado sugerido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Impasses A diferença entre os níveis de ambição para a liberalização do comércio nos países ainda é grande e já vinha sendo definida nos últimos dois meses, quando os principais negociadores da Rodada Doha se reuniram várias vezes em Genebra sem que se chegasse a resultados satisfatórios. Mas ninguém quer falar de fracasso - sendo assim, foram tirados da mesa os temas que mais geram polêmica e que tinham poucas chances de serem finalmente resolvidos nesta semana, tais como o tamanho do corte das tarifas de importação para produtos agrícolas. Os temas já estão sobre a mesa de negociações há quatro anos. Em 2001, os 148 países-membros da OMC (hoje 149) decidiram criar a Rodada Doha, nome em referência à capital do país onde estavam reunidos, o Catar. Um dos principais temas da negociação é a abertura dos mercados dos países-membros para produtos agrícolas, não-agrícolas (conhecidos pela sigla Nama, em inglês, Non-Agriculture Market Access) e serviços. A revisão de certas regras comerciais, em especial do dumping, e a ajuda aos países mais pobres (tópico chamado "desenvolvimento") estão entre as demais questões tratadas. Mas é em acesso a mercados em que residem os maiores impasses, principalmente, em agricultura. Propostas O G20, grupo de países em desenvolvimento liderado por Brasil e Índia, defende que a abertura do mercado agrícola dos mercados ricos deve ser negociada em primeiro lugar, pois esse tema não teria sido tratado com profundidade na rodada anterior, a Rodada Uruguai. Os países desenvolvidos alegam que os emergentes precisam, em troca, abrir seus mercados para bens industriais e serviços. A atual oferta da União Européia para agricultura prevê que o bloco vai cortar, em média, 39% das suas tarifas de importação para bens estrangeiros. Os Estados Unidos propõem um corte médio de 67% e o G20, 54%. O G20 e os americanos consideraram a oferta européia "insuficiente", mas o comissário de Comércio da União Européia, Peter Mandelson, disse que essa era a "última oferta" do bloco. include $DOCUMENT_ROOT."/ext/selos/bbc.inc"; ?>

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.