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Reuniões do Copom terão intervalos de até 55 dias em 2014

Em ano de Copa do Mundo no Brasil e de eleições, também haverá períodos de apenas 34 dias entre encontros de diretores do BC  

Por Vinicius Neder e da Agência Estado
Atualização:

RIO - O intervalo médio entre as reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) em 2014 será maior do que o padrão de cerca de 40 dias. O menor período será de 34 dias e ocorrerá duas vezes, entre a segunda e a terceira reuniões e entre a sétima e a oitava, no fim do ano. Já o maior será de 55 dias e também ocorrerá duas vezes, em meados do ano.

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O calendário foi divulgado em junho. Em apresentação num seminário na segunda-feira, 19, no Rio, o ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda Nelson Barbosa chamou a atenção para a irregularidade dos intervalos, num ano de calendário apertado, com carnaval em março, Copa do Mundo de Futebol no Brasil e eleições gerais em outubro.

"Olhando o calendário de reuniões, dá para perceber que o BC levou em consideração esses eventos não recorrentes", disse Barbosa. "Para mim, parece que já está precificado que a taxa de juros vai subir até antes do carnaval e, depois, se olhará para ver as condições", afirmou.

Para o economista, caso o ritmo de alta da taxa de juros seja de 0,25 em 0,25 ponto porcentual, ela pode chegar em 12%. "No pior cenário, se for subindo em 0,5 em 0,5 (pp) chega a 14%", completou.

O "pior cenário" de Barbosa inclui reajustes nos combustíveis e na energia elétrica, elevação na taxa de câmbio, retirada dos estímulos monetários na economia dos Estados Unidos e rebaixamento da nota de risco do Brasil pelas agências classificadoras. A taxa nominal de 14% significaria uma taxa real de 6%.

"O pior cenário ainda é um cenário com a taxa real de juro muito mais baixa do que a gente viu nos últimos anos", ponderou Barbosa.

Seguindo o mesmo raciocínio de contagem dos intervalos de reuniões do Copom apresentado por Barbosa - atualmente pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) - percebe-se que a irregularidade dos intervalos não é padrão.

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Neste ano, os períodos oscilaram entre 41 e 48 dias. Mesmo em 2010, quando também houve Copa do Mundo (na África do Sul) e eleições gerais, os intervalos tiveram a mesma oscilação. Procurado, o BC ainda não respondeu aos questionamentos encaminhados à assessoria de imprensa.

No seminário de ontem, quando pesquisadores do Ibre/FGV apresentaram suas projeções para a economia em 2014, Barbosa citou o efeito calendário para sustentar sua previsão de que a taxa básica de juros (Selic, hoje em 9,5%) subirá até 11% até o carnaval e, depois, não passará de 14%.

 

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