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RH quer assumir papel estratégico nas corporações

Para reter talentos, empresas precisam elevar responsabilidade da área de gestão de pessoas, diz consultoria

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Por Fernando Scheller
Atualização:

A atração de profissionais de perfil sênior de recursos humanos está cada vez mais ligada ao aumento da importância da área de gestão de pessoas para a estratégia do negócio. Uma pesquisa feita pela consultoria britânica Michael Page mostra que o RH tem dificuldades de atrair e reter talentos porque, apesar do recente debate sobre a dificuldade em encontrar bons profissionais, o setor ainda não está no centro das estratégias da maioria das empresas.Entrevistas feitas com gerentes e diretores de recursos humanos pela Michael Page mostram que as companhias ainda têm problemas em "vender internamente" a área de pessoas, já que a migração para outros setores geralmente se mostra mais promissora no longo prazo. Para 57% dos profissionais ouvidos, é difícil manter talentos no setor de RH. Outro entrave, apontado por 44% dos entrevistados, é o reduzido números de profissionais seniores nos departamentos de gestão de talentos. A presença do RH no centro do planejamento da companhia é realidade somente em algumas corporações de grande porte, segundo o diretor executivo da Michael Page, Augusto Puliti. "Nas multinacionais, existe uma estrutura bem montada, com diretor, gerente, coordenador e analista. Nas empresas menores, no entanto, não existe o mesmo comprometimento em relação ao time de recursos humanos", explica o especialista.O profissional mais experiente de gestão de pessoas está interessado em contribuir para os objetivos de longo prazo da empresa. "O objetivo do RH hoje é participar do comitê executivo da empresa. A função vai muito além daquele caráter de execução tradicional, de processamento de folha de pagamento", explica.Mudança. Entre as empresas que conseguiram atrair profissionais experientes com o foco no RH estratégico está a varejista Fototica, rede de óticas que pertence ao grupo franco-holandês Grand Vision. A empresa, que trocou recentemente de presidente no País - o cargo foi assumido por Marcelo Ferreira, ex-Adidas, no segundo semestre de 2011-, atraiu também um diretor de RH com 26 anos de experiência: Marco Antonio Gomes, que já passou por Hamburg Süd, Varig e Playcenter, chegou na empresa há cinco meses e ganhou um assento no Conselho de Administração.A mudança, segundo Gomes, foi motivada pelo desafio estratégico apresentado pela Fototica: criar um novo padrão de atendimento, que exige a reciclagem dos profissionais que já atuam na empresa e também o treinamento dos novos que chegarão com o projeto de expansão do número de lojas. "A concorrência no setor de óticas é muito acirrada. A plataforma de crescimento da empresa está no serviço, com uma venda mais técnica", explica. "Será preciso mudar uma cultura. É o que a gente está tentando fazer."No fim de 2010, quando foi comprada pelo fundo de private equity holandês Hal Investments (dono da Grand Vision, formada em 2011), a Fototica anunciou um plano ambicioso: elevar seu número de lojas de 118 para 500 até 2014. No entanto, até o fim do ano passado, segundo informações da assessoria de imprensa, a Fototica ainda contabilizava 119 unidades. A assessoria informa que a Fototica pretende expandir sua atuação no País com a abertura de novas unidades próprias e aquisições, mas não confirma se a empresa continuará a perseguir a meta de 500 pontos de venda.Desafio. Como ocorre em qualquer outra carreira, o profissional de RH também busca desafios maiores. Há quatro meses, Ivan Pereira de Santana trocou a varejista americana Walmart pela finlandesa Kemira, especializada em processos para tratamento químico da água. Antes, Santana fazia parte de uma equipe; hoje, responde pela estratégia de pessoas para a América do Sul. O grupo, que fatura 2 bilhões por ano, tem quatro fábricas e 430 funcionários no País."A empresa tem o desafio de encontrar profissionais qualificados para sua expansão. A meta é crescer dois dígitos anualmente na região", diz Santana.

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