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Rhodia deixa de fabricar o Tergal

Por Agencia Estado
Atualização:

"Senta levanta, senta levanta. Não amassa e não perde o vinco". Quem assistiu à televisão nos anos 70 não esquece o slogan que popularizou o Tergal. Da camisa que dava a "Volta ao Mundo" sem amassar às minissaias plissadas, sem esquecer dos ternos Ducal (duas calças para cada paletó), o advento da fibra sintética inventada pela Rhodia introduziu a moda prática e liberou a mulher do ferro de passar. Pouco mais de 30 anos depois de sua criação, a fabricante francesa está anunciando que vai parar de produzir o Tergal. O Brasil é o único país que ainda produz esse tipo de fibra de poliéster, usada quase que exclusivamente para fabricar uniformes. "O Brasil acolheu o Tergal de um jeito incrível para um país quente", afirma a empresária e consultora de moda Costanza Pascolato, sem esconder seu horror pela fibra sintética, que chama de "dinossauro". Apesar de não fazer seu estilo - "eu fazia uma linha mais vanguardista, preferia fibras naturais" -, Costanza lembra que utilizou o tecido em sua primeira produção de moda. "Era uma minissaia curtíssima, toda plissada, parecia um abajur, desses ingleses do século 18", conta. O estilista Ricardo Almeida também lembra com um certo desdém do tecido. "Era muito duro, sempre foi um tecido careta", diz Almeida. De lá para cá, o Tergal virou uma família de fios, ganhou novos componentes e ficou mais maleável. Mas a fama de popular permanece. E é para se livrar deste estigma que a Rhodia-Ster decidiu abandonar a produção a partir de 2003. Em seu lugar, a empresa está introduzindo uma nova família de fios chamada Alya. "A família Alya apresenta melhoria de 20% em comparação com o desempenho da marca Tergal", afirma o gerente de Negócios Fibra Poliéster da Rhodia-Ster, Luis Bittencourt. A família Alya terá seis tipos de fio, dois dos quais já foram lançados: o Alya Eco, feito de garrafas de PET (plásticas) recicladas, e o Alya Lofty, um fio antialérgico com acabamento siliconizado. Este serve para a produção de brinquedos como bichinhos felpudos, enchimento de edredons e travesseiros. No segundo semestre, a empresa lança mais duas variedades: cotton e linha para costura. Os demais serão destinados ao setor automotivo e a fibra-tinta. Mercado interno Quando o novo catálogo ficar pronto, as linhas de Tergal sumirão das fábricas de Poços de Caldas, em Minas, e de Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco. A nova fibra será destinada exclusivamente para abastecer o mercado interno. "Não pretendemos exportar", diz. Neste ano, a produção da fibra Alya Lofty deverá chegar a 10 mil toneladas. O volume representa entre 70% e 80% do mercado para esse tipo de fibra, que cresce entre 8% e 9% ao ano. As outras 20 mil toneladas são formadas por um mix de cotton (poliéster com algodão) e especialidades como fibras-tintas (fios pigmentados) para o setor automotivo, calçadista, de geotêxteis, tapetes e outros itens. Em 2001, a divisão de fibras da Rhodia-Ster representou 30% do faturamento de R$ 700 milhões, enquanto os demais 70% ficaram por conta da venda da resina PET. A capacidade instalada para a produção do plástico é de 200 mil t/ano, e a tendência é crescer acompanhando o mercado para embalagens com barreira a gás (para refrigerantes), que cresce em torno de 15% ao ano.

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