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Ricardo Barros volta a se reunir com mercado e diz que precatório é solução para não furar teto

Líder do governo na Câmara disse a economistas e especialistas que tem sido difícil encontrar formas de financiamento para o Renda Cidadã, sem ferir as regras fiscais

Por Denise Abarca
Atualização:

O líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-RR), voltou a se reunir nesta quarta-feira, 30, com representantes do mercado financeiro para esclarecer dúvidas dos agentes sobre o andamento das reformas e o imbróglio envolvendo o financiamento do programa Renda Cidadã. O evento virtual teve participação de vários profissionais de bancos, corretoras e gestoras de recursos.

Em sua participação, Barros expôs claramente as dificuldades do governo em encontrar um consenso sobre a questão do financiamento de programas de distribuição de renda para amparar "milhões de brasileiros que deixarão de receber o auxílio-emergencial de R$ 300 a partir de janeiro" sem ferir as regras fiscais. "É uma equação difícil. Vocês do mercado sabem do que eu estou falando. O governo não quer sinalizar com quebra do teto e quer retomar a normalidade orçamentária e o rigor fiscal o quanto antes, mas não tem parto sem dor, não vai ter solução sem que de algum lugar saiam os recursos", afirmou em áudio ao qual o Estadão/Broadcast teve acesso.

'É uma equação difícil', disse Ricardo Barros sobre equilibrar a criação do Renda Cidadã com o teto de gastos. Foto: Alan Santos/PR

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De acordo com Barros, o relatório do senador Marcio Bittar (MDB-AC) está sendo construído para encontrar uma solução que atenda à orientação do presidente Jair Bolsonaro de não elevar a carga tributária, manter o rigor fiscal e o teto de gastos, e que vê o uso dos precatórios como opção de financiamento para evitar o rompimento do teto. Independentemente do que seja definido, ele diz que é uma questão que terá de ser equacionada, uma vez que trata-se de uma despesa com crescimento "exponencial". "É uma despesa que chama a atenção. Quando botamos o teto de gastos, a despesa com precatórios era de R$ 13 bilhões e hoje está em R$ 50 bilhões, com previsão de mais de R$ 60 bilhões para 2022. Com o teto de gastos, não podemos ter uma despesa que anda nessa velocidade, precisamos de tomar providência", disse.

Barros disse que o governo reconhece que precatório "é dívida que tem de pagar e não negamos que tem de pagar", mas não se pode ser surpreendido com uma despesa que é galopante e não dialoga com o teto. "Então, está se propondo repetir solução que Estados já têm. Não é desejável, mas temos de definir entre isso ou furar o teto, que para mim não é melhor solução", afirmou. Ele lembrou que o governo já está atuando para limitar as despesas, congelando, por exemplo, reajustes salariais de servidores em 2021.

Barros disse que a ideia do governo era endereçar a questão do custo do Renda Cidadã dentro da reforma tributária, mas não houve consenso entre os líderes. "Não houve acordo entre todos os partidos e precisamos de 308 votos. O momento talvez seja inadequado para uma medida dessa envergadura. Estamos a 45 dias da eleição, então poderemos retomar isso no momento seguinte", disse.

Em um determinado momento, um dos participantes aproveitou para responder às críticas ao mercado, de acordo com ele, feitas por lideranças políticas na segunda-feira, segundo os quais "o mercado não é Deus". "O mercado só gere recursos dos cidadãos, não temos nenhum incentivo para torcer contra", disse o economista.

Barros lembrou então que é o mercado que financia a dívida pública do governo e não faz sentido o governo fazer movimentos que pressionem a dívida. "Está claro para mim que mercado precisa ser contemplado. Não podemos ter a curva de juros alta como está e para isso o governo precisa tomar providências", disse.

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