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Rio Tinto deixa mercado à vista de minério de ferro

Decisão mostra que mineradora já fechou acordos provisórios com siderúrgicas chinesas

Por Reuters e SYDNEY
Atualização:

A Rio Tinto está vendendo a maior parte de seu minério de ferro a preço fixo ou referenciado de maneira provisória, interrompendo a maioria das vendas no mercado à vista, responsáveis por metade de sua produção no primeiro semestre. Os comentários do presidente executivo da Rio, Tom Albanese, confirmam rumores de que muitas usinas siderúrgicas da China concordaram de maneira tácita com a redução de 33% no preço da commodity, estabelecido em maio por compradores japoneses. "Atualmente, estamos vendendo principalmente a preços provisórios, refletindo o acordo de referência que acertamos com produtores japoneses e de outras regiões, e vamos continuar a fazer isso até que as circunstâncias mudem", disse Albanese a jornalistas. A segunda maior mineradora do mundo divulgou ontem queda de 54% no lucro do primeiro semestre. A Rio Tinto e outras mineradoras transferiram milhões de toneladas de minério para o mercado à vista no início deste ano, depois que siderúrgicas fora da China cortaram de maneira abrupta a produção por causa da recessão. Mas a demanda da China disparou por causa do pacote de estímulo do governo. Enquanto isso, especuladores aproveitaram para montar estoques de minério de ferro e aço, ajudando a elevar os preços à vista para acima de US$ 100 a tonelada de minério padrão, com 63,5% de concentração. Em maio, o preço de referência acertado foi de US$ 63 a tonelada. Como os preços do mercado à vista dispararam, a exigência da Associação de Ferro e Aço da China de desconto de até 45% nos preços parece cada vez menos sustentável. Segundo Albanese, basear as vendas em preços provisórios com desconto de 33% foi "apropriado". Apesar de metade das 77 milhões de toneladas de minério de ferro que a Rio Tinto produziu no primeiro semestre ter sido vendida com base no mercado à vista, a empresa tem sido menos incentivadora que a rival BHP Billiton nos pedidos para um fim do sistema de estabelecimento anual de preços de referência, que já dura 40 anos. Para Albanese, o interesse de siderúrgicas asiáticas em novos contratos de longo prazo mostra que ainda há espaço para o sistema, considerado ultrapassado.

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