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Rio Tinto demite 14 mil e corta investimentos

Anúncio vem apenas duas semanas depois de a rival BHP Billiton ter desistido de uma fusão com a empresa

Por Jamil Chade
Atualização:

A mineradora anglo-australiana Rio Tinto anunciou ontem que vai demitir 14 mil empregados - ou mais de 13% de sua mão-de-obra -, cortar investimentos em mais de US$ 5 bilhões e colocar à venda minas e outros ativos. Isso tudo diante de uma previsão de queda acelerada na demanda por minérios e de um endividamento que supera os US$ 38 bilhões. Com o mercado em plena expansão nos últimos anos e apostas de demanda cada vez maiores por parte de China e Índia, a Rio Tinto fez uma aposta no futuro e contraiu volumosas dívidas. Mas os projetos foram atropelados pela retração no consumo, a falta de créditos e, principalmente, a queda nos preços das principais commodities. O alumínio, por exemplo, já perdeu 37% de seu valor no ano, enquanto o cobre já caiu 52%. Tom Albanese, presidente da empresa, alertou ontem, em um comunicado, que a companhia estava reduzindo seus custos para "um nível apropriado até que sinais reais de uma recuperação sejam vistos no setor". Para ele, a mineração está sofrendo "uma deterioração a taxas sem precedentes". A Vale, segunda maior mineradora mundial, também já anunciou cortes de produção e demissões. Em um relatório divulgado esta semana sobre o mercado de commodities, o Banco Mundial alertou que o boom que o setor vinha experimentando estava fora dos padrões das últimas décadas. Em toda a era industrial, o aumento de preços de minérios durava no máximo uma década, e a alta era de no máximo 60%. Agora, o pico de alta atingiu 109%. "A magnitude do crescimento nos preços foi sem precedentes", disse o banco. As demissões na Rio Tinto são anunciadas apenas duas semanas depois de a também anglo-australiana BHP Billiton, a maior mineradora do mundo, ter desistido de sua oferta de compra da rival. A oferta, toda em troca de ações, foi feita no final do ano passado. No auge do ciclo do minério de ferro, a proposta chegou a ser avaliada em US$ 193 bilhões. Com a queda das ações, porém, seria, em novembro, uma transação de US$ 66 bilhões. Hoje, a Rio Tinto tem um valor de mercado de US$ 31,6 bilhões - menos, portanto, que as dívidas de US$ 38 bilhões. A meta da empresa é reduzir esse débito para US$ 10 bilhões até o final de 2009. Para isso, os novos projetos serão abandonados. Os investimentos, calculados em US$ 9 bilhões para o próximo ano, serão cortados para US$ 4 bilhões. A agência de classificação de risco Moody?s anunciou ontem que estava revendo a classificação da Rio Tinto, enquanto a empresa desesperadamente tentava mostrar que apenas o corte de 14 mil postos de trabalho vai gerar uma economia de US$ 1,2 bilhão por ano. Os custos de operação, segundo a empresa, ainda serão reduzidos em US$ 2,5 bilhões até 2010.

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