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Risco causou fracasso do leilão da Cesp, diz especialista

Adriano Pires avalia que falta de financiamento do BNDES não prejudicou interesse na companhia

Por Adriana Chiarini e da Agência Estado
Atualização:

Não foi por falta de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que o leilão de privatização da Companhia Energética de São Paulo (Cesp) fracassou, de acordo com o especialista em energia Adriano Pires. De fato, o BNDES não ofereceu financiamento, mas Pires entende que o governo estadual se precipitou em lançar o edital sem ter resolvido previamente uma questão de risco regulatório para os potenciais compradores.   Veja também: Sem interessados, leilão da Cesp fracassa mais uma vez   O problema apontado por Pires é que dois terços da capacidade de geração da Cesp vêm das hidrelétricas de Jupiá e Ilha Solteira, cuja concessão, de responsabilidade do governo federal, vai só até 2015, quando deve ser realizado outro leilão referente só a geração dessas duas usinas. "Uma empresa não vai pagar R$ 6 bilhões agora no leilão para o Estado, que com o tag along (direito dos minoritários que também quiserem vender suas ações) pode ir R$ 15 bilhões, e se arriscar a ter que pagar de novo em 2015", disse Pires.   O BNDES não se manifesta sobre o leilão da Cesp, cancelado nesta terça porque os interessados não apresentaram garantias financeiras para participar. A área de infra-estrutura, com destaque para o setor de energia, já é a maior responsável pelos desembolsos do banco. A instituição federal tem em carteira vários projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, e boa parte deles é de energia. No caso da privatização da Cesp pelo governo de José Serra, do PSDB, o BNDES não anunciou disposição de financiar.   A política do banco tem sido de incentivar o aumento de capacidade de geração, transmissão e distribuição de energia e, no caso da Cesp, o entendimento é que isso não estava em questão. Caso bem sucedido, o leilão faria apenas uma transferência de controle acionário. Esse teria sido o motivo principal da instituição para não conceder apoio financeiro e não questões políticas como a rivalidade entre petistas e tucanos, acirrada em ano de eleições municipais.   Já Pires disse que não conhece nenhuma legislação que impeça o BNDES de financiar projetos do setor que não envolvam energia nova. De acordo com ele, o apoio do banco à privatização da Cesp seria positivo e acabaria se refletindo em futuro aumento de investimento porque as empresas que assumissem o controle da estatal "teriam interesse total em ampliar esse parque". Para ele, o fracasso do leilão "é uma pena".

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