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Risco de ações dobrou depois dos atentados

Investir em ações está mais arriscado depois dos atentados terroristas aos Estados Unidos. Pesquisa mostra que risco da Bovespa dobrou.

Por Agencia Estado
Atualização:

O risco de investimento em ações mais do que dobrou logo após os atentados terroristas contra os Estados Unidos, e ainda não havia retomado a normalidade no fim de outubro. Em apenas cinco dias, as perdas que um investidor teria numa aplicação no Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) poderiam ser duas vezes maiores, de acordo com pesquisa da consultoria financeira Ascent. Segundo o estudo, se alguém tivesse aplicado R$ 100 mil em ações, imitando a composição do Ibovespa, correria risco de perder até R$ 2,64 mil no dia anterior aos ataques (10 de setembro). Quem estivesse com esses mesmos recursos no dia 11 teria possibilidade de prejuízo de R$ 4,60 mil. No dia 17 de setembro, o montante que poderia ser perdido atingiu o pico de R$ 5,62 mil. A consultoria utilizou uma metodologia bastante difundida entre especialistas como medida de risco para essa pesquisa, o VaR. O cálculo desse indicador permite a estimativa de qual seria a perda máxima de uma carteira de investimentos em valores absolutos. Um dos principais conceitos utilizados na composição desse cálculo é a volatilidade. O diretor da Ascent, Alberto Suen, alertou que o VaR não é totalmente eficiente para captar todo o risco no caso de choques de mercado. Mas ressaltou que a pesquisa é ilustrativa para demonstrar o que aconteceu com a bolsa nesse intervalo. Segundo Suen, o resultado está dentro do esperado, pois eventos fortes costumam elevar significativamente o risco. As chances de perda subiram porque as tensões aumentaram muito naquela época e existiam diversas indefinições. Um dos principais fatores que levam à instabilidade do mercado é um cenário de incertezas. Sem poder fazer previsões, os investidores não conseguem dar preço aos ativos e ficam muito sensíveis a qualquer notícia. E, quanto maior a volatilidade, maior o risco. De acordo com as explicações de Suen, o pico demorou para ser atingido, pois a bolsa brasileira continuou operando naquela semana, enquanto a americana precisou permanecer fechada. Com isso, lembrou ele, os investidores ficaram sem saber qual seria a gravidade do impacto. Eles estavam aguardando a abertura da Bolsa de Nova York para tentar dimensionar melhor a situação. Foi justamente no dia da reabertura nos Estados Unidos que a perda poderia atingir o montante máximo, segundo a pesquisa. A queda de 7,13% do Dow Jones confirmou para os investidores que o futuro estava realmente obscuro e era impossível traçar uma tendência. Não é possível fazer previsões Os investidores levam algum tempo para absorver situações imprevistas e mudanças de cenários, explicou Suen. Isso justifica o fato de, no fim de outubro, as perdas máximas para a carteira ainda se situarem acima de R$ 4 mil. De acordo com o especialista, não é possível fazer uma previsão de quando os indicadores de risco irão retornar aos padrões anteriores à tragédia. Mas é certo que eles voltarão. "Existem muitas variáveis envolvidas, e é difícil estimar a duração desse período", enfatizou, referindo-se ao cenário macroeconômico global.

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