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Risco de alta da inflação ainda é significativo, segundo ata do Fed

De acordo com o documento, a decisão de fazer uma pausa nas elevações dos juros permitiria ao Fed "acumular mais informações" antes de traçar o curso futuro da política monetária

Por Agencia Estado
Atualização:

Embora a maioria dos formuladores da política monetária do Federal Reserve norte-americano espere que o núcleo da inflação "decline gradualmente", a decisão de fazer uma pausa no ciclo de elevações das taxas de juro permitiria ao Fed "acumular mais informações" antes de traçar o curso futuro da política monetária. É o que diz a ata da última reunião do Comitê de Mercado Aberto do Fed (Fomc), divulgada nesta terça-feira. Com o crescimento econômico sofrendo uma desaceleração, "a maioria dos membros previa que as pressões inflacionárias possivelmente se reduziriam nos próximos trimestres e a posição atual da política monetária poderia mostrar-se consistente com um desempenho econômico satisfatório", diz a ata da reunião de 8 de agosto. Nessa reunião, o Fomc manteve a taxa dos Fed Funds inalterada em 5,25%, fazendo uma pausa depois de 17 elevações consecutivas. De acordo com a ata, tendo em vista a expectativa de que a desaceleração no crescimento econômico ajude a limitar as pressões de altas dos preços nos próximos meses, o Fed acredita que a pausa no ciclo de apertos monetários lhe permitiria reunir mais dados. "Manter a política inalterada nesta reunião permitiria aos formuladores da política acumular mais informações antes de julgar se apertos adicionais seriam necessários para alcançar a estabilidade de preços ao longo do tempo", diz o documento. A ata indica que os participantes da reunião pareciam cientes do potencial efeito retardado dos apertos monetários anteriores. "O efeito completo das elevações anteriores das taxas de juro sobre a atividade e os preços provavelmente não foi sentido ainda, e uma pausa foi vista como apropriada para limitar os riscos de apertar demais", diz a ata. Desde que os riscos de inflação continuem contidos, "os membros em geral viram riscos limitados em adiar um novo aperto da política que poderia mostrar-se necessário", afirma o documento. Apesar disso, "muitos membros" sentiram que a decisão de manter as taxas de juro inalteradas em agosto era "uma decisão difícil". O texto também diz que, embora o núcleo da inflação possa recuar no futuro, "os riscos de aceleração da inflação eram significativos". Segundo a ata, "a produção industrial acelerou-se em junho. No segundo trimestre como um todo, ela cresceu a um ritmo robusto, que foi mais rápido do que no primeiro trimestre." O crescimento dos gastos dos consumidores "desacelerou-se consideravelmente no segundo trimestre, depois do disparo das compras no fim do ano"; "embora os salários nominais tenham subido bastante na primeira metade do ano, os ganhos na renda real disponível foram mantidos baixos pela alta dos preços ao consumidor". O texto também diz que "a atividade no setor de construção residencial contraiu-se no segundo trimestre" e que "as vendas, tanto de casas novas como de casas já existentes, desaceleraram-se em junho e estavam significativamente abaixo de seus picos no verão de 2005. As medidas disponíveis de preços de residências indicam que as elevações de preços moderaram-se nos últimos quatro trimestres". Sobre os investimentos das empresas, a ata diz que "depois de disparar no primeiro trimestre, o gasto real com equipamentos e software reduziu-se no segundo trimestre". De acordo com a ata, "todos os membros concordaram que o comunicado a ser divulgado ao fim da reunião deveria transmitir que os riscos de inflação continuavam dominantes e que, conseqüentemente, manter a política inalterada nesta reunião não marcava, necessariamente, o fim do ciclo de apertos. Eles concordaram que uma indicação de que o crescimento econômico havia sofrido uma moderação era apropriada, e um consenso favoreceu citar as mesmas razões para a moderação contidas no comunicado de junho. Os membros também concordaram que o comunicado deveria mencionar tanto os fatores que contribuíam para uma moderação provável das pressões inflacionárias ao longo do tempo como reiterar as forças que eram vistas como tendo potencial para sustar as pressões inflacionárias". Sobre o fato de o presidente do Fed de Richmond, Jeffrey Lacker, ter votado a favor de uma elevação de 25 pontos-base na taxa dos Fed Funds, a ata diz que "o sr. Lacker discordou por acreditar que apertos adicionais eram necessários para trazer a inflação para baixo mais rapidamente do que seria o caso se a taxa fosse mantida inalterada. A perspectiva da inflação havia se deteriorado no período entre reuniões; a recente aceleração no núcleo da inflação havia persistido e parecia ter base ampla, enquanto a revisão das contas da renda nacional e da produção indicava uma recente alta nos salários e no custo unitário da mão-de-obra. Embora o crescimento real provavelmente seria menor nos próximos trimestres, na opinião dele era improvável que o crescimento se desacelerasse o suficiente para trazer para baixo o núcleo da inflação. Ele observou, porém, que as taxas de juro de curto prazo reais haviam caído no período entre reuniões e ainda estavam baixas em relação às taxas tipicamente associadas a expansões sustentadas".

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