O economista do Banco Lehman Brothers para o Brasil, Paulo Vieira da Cunha, não vê nenhum risco de moratória ou de reestruturação da dívida. "No Brasil, como a dívida doméstica pode ser inflacionada, o risco é de inflação, e o risco de default é mínimo", afirmou o economista, após palestra na Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos. Por isso, segundo ele, o temor entre os investidores brasileiros não é de default, daí a queda recente na demanda por títulos atrelados ao dólar e o maior interesse por papéis que embutem a correção da inflação (atrelados ao IGP-M). "Os títulos indexados ao dólar são liquidados em reais, e não há circulação da moeda americana no sistema doméstico. Por isso, o temor, hoje, é mais de inflação crescente", disse. Cunha não acredita que haja incentivos para que o governo brasileiro declare moratória da dívida externa, que é relativamente pequena e de médio prazo. A maior parte da dívida externa é do setor privado. Num cenário em que haja redução substancial de fluxo de capital para o Brasil e de disponibilidade de financiamento ao setor privado - "cenário este bastante viável" -, Cunha acredita que ocorreria a reintrodução do controle do câmbio, antes que surgisse uma situação de colapso e de default da dívida do setor privado. "Isso não seria uma opção de política econômica, mas para impedir um quadro de devastação total", comentou.