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Risco de uma nova crise financeira ainda é pequeno, diz FMI

O crescimento da economia mundial está elevado "e os mercados financeiros estão lidando bem" com a volatilidade (oscilação) dos últimos dias, avaliou o diretor-gerente do fundo

Por Agencia Estado
Atualização:

O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Rodrigo Rato, disse nesta quarta-feira que o risco de uma nova crise financeira global ainda é reduzido, mas alertou que a comunidade internacional precisa se preparar para tempos mais difíceis. Ele informou ainda que, com base em sugestões apresentadas pelos países emergentes, apresentou ao conselho diretor do Fundo uma proposta para se desenvolver um novo instrumento que oferecerá financiamentos para mercados emergentes. Segundo ele, esse financiamento "seria uma espécie de colchão de liquidez" para os países sócios do Fundo, "criado para ajudá-los a evitar crises e responder a crises caso elas ocorram". Por outro lado, Rato observou que o crescimento da economia mundial está elevado "e os mercados financeiros estão lidando bem" com a volatilidade (oscilação) dos últimos dias. Além disso, acrescentou, muitos países emergentes, especialmente na Ásia, acumularam grandes reservas em moeda estrangeira para se prevenir. "Mas as condições benignas nos mercados financeiros não vão durar para sempre, e o acúmulo de reservas é feito com um custo financeiro muito alto." O chefe do FMI disse que num "mundo no qual os mercados financeiros estão se tornando mais conscientes do risco inflacionário e desequilíbrios globais, contínuas políticas macroeconômicas fortes e consistentes nos mercados emergentes são ainda mais importantes." Rato destacou ainda o risco que os preços altos e voláteis do petróleo e o risco de uma epidemia da gripe aviária. Oscilação desordenada Ele ressaltou que os desequilíbrios na economia mundial "precisarão eventualmente" se pronunciar nos mercados. "O risco é que eles vão se pronunciar de uma maneira desorganizada e abrupta", disse. "Por exemplo, poderia ocorrer uma queda abrupta na taxa de consumo nos Estados Unidos, talvez iniciada por um mercado imobiliário em desaceleração". Ou, acrescentou, um ajuste desordenado poderia ser causado por acontecimentos nos mercados financeiros. "As tendências nas taxas de câmbio nos últimos meses estão na direção certa para ajudar o processo de ajuste e, até agora, isso tem acontecido de uma forma ordeira. Mas se os investidores subitamente decidirem não manter ativos financeiros dos Estados Unidos com as taxas de juros e de câmbio do momento, isso poderia levar a uma desvalorização abrupta para o dólar norte-americano e aumentos dos juros dos Estados Unidos." Rato acrescentou que isso "poderia causar distúrbios no mercado financeiro mundial e também um desaquecimento econômico". Desequilíbrio De Rato disse que ao longo do próximos 12 meses será necessário se intensificar as consultas multilaterais para "se lidar com os crescentes desequilíbrios econômicos globais que ameaçam a prosperidade do mundo". Segundo ele, os desequilíbrios mais óbvios são o grande déficit em conta corrente dos Estados Unidos - quase 6,5% do Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano em 2005 e que deverá crescer ainda mais neste ano - e os amplos superávits nas contas externas de outros países, entre eles exportadores de petróleo como a Arábia Saudita, o Japão e alguns dos mercados emergentes asiáticos, especialmente a China. O chefe do Fundo disse que já há um amplo consenso entre as autoridades em torno das medidas necessárias para se reduzir os desequilíbrios globais. "A maioria dos governos ao redor do mundo concorda ser preciso um ajuste fiscal e medidas para estimular a poupança privada nos Estados Unidos, uma maior valorização cambial e medidas para estimular a demanda doméstica em alguns países emergentes da Ásia, e reformas estruturais para estimular a demanda e melhorar a produtividade em setores da Europa e Japão", disse. "Mas esse consenso até agora foi traduzido apenas numa ação limitada.

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