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Ritmo de alta do custo do crédito quase empata com os salários

Com renda mais contida, custo do financiamento em alta e prazo menor, aumenta o risco de calote do consumidor

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Por Márcia De Chiara
Atualização:

O descasamento entre o ritmo de alta de estoques no varejo e o de vendas no varejo reflete, segundo o economista da Confederação Nacional do Comércio, Fabio Bentes, dois movimentos que estão ocorrendo no mercado. De um lado, há um encarecimento do crédito. De outro, o orçamento está mais apertado por causa do avanço da inflação dos últimos meses e da desaceleração da taxa de crescimento massa de salários.Uma análise feita por Bentes a partir de dados do IBGE e do Banco Central mostra que a taxa de crescimento da massa salarial e a taxa de variação do custo do crédito para pessoas físicas atingiram em 12 meses até março níveis muito próximos. Isso pode, no curto prazo, resultar em insolvência do consumidor. "Podemos ter problemas de inadimplência, se o mercado de trabalho não produzir resultado tão favorável como o dos últimos tempos", alerta.Em 12 meses até março, a massa salarial avançou 4%, descontada a inflação do período. Enquanto isso, o custo do crédito para o consumidor subiu 3,7%, também descontada a inflação.Bentes observa que o cenário atual da evolução da massa salarial e do custo do crédito é bem diferente do que houve num passado recente. Em março de 2012, por exemplo, a massa salarial crescia 7% em termos reais e o custo do crédito, 4,9%. Entre maio de 2012 e setembro do ano passado, o custo do crédito ficou mais barato por causa da queda da taxa de juros. "Tivemos um período de ouro do varejo sustentado pela expansão fortíssima do crédito", diz.Mas o avanço da inflação trouxe de volta o juro alto e prazo menor de financiamento, o que significa uma freada nas vendas e alta de estoques.

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