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Ritmo de contração do PIB dos EUA aumenta no 3o tri

Por GLENN SOMERVILLE
Atualização:

A economia dos Estados Unidos registrou o ritmo mais rápido de contração dos últimos sete anos no terceiro trimestre diante de gastos dos consumidores recuando para o menor nível em 28 anos, segundo dados de relatório do Departamento do Comércio do país divulgado nesta terça-feira. Os números aumentaram a chance de que a economia norte-americana sofra uma recessão mais profunda. Os dados junto com informações de que os preços de moradias caíram a um ritmo recorde em setembro cimentaram expectativas de que o Federal Reserve cortará juros no próximo mês. Os números foram parcialmente encobertos pelo anúncio do Fed de um programa de 600 bilhões de dólares para compra de dívidas e outros títulos atrelados a hipotecas. O banco central norte-americano também anunciou uma linha de 200 bilhões de dólares para apoio a empréstimos ao consumidor. A taxa anual revisada de declínio do produto interno bruto dos EUA no terceiro trimestre, apurada pelo Departamento de Comércio, foi a 0,5 por cento ante índice de 0,3 por cento informado há um mês. Esta foi a maior queda do PIB desde o terceiro trimestre de 2001 quando aconteceram os ataques de 11 de setembro contra o país. Os lucros das empresas caíram pelo segundo trimestre consecutivo e os investimentos das companhias recuaram. Muitos analistas acreditam que os Estados Unidos já se juntaram à Europa e entraram em recessão. Mas ainda é preciso mais um trimestre de contração para que se cumpra a definição de dois trimestre consecutivos de queda na produção. O recuo do terceiro trimestre contrasta fortemente com o crescimento de 2,8 por cento do segundo trimestre. "Eu acho que isto marca o início de uma recessão técnica nos Estados Unidos", afirmou Michael Woolfolk, estrategista sênior de câmbio do Bank of New York-Mellon. "Vai provavelmente piorar antes de melhorar." O mercado espera que a queda da economia norte-americana acelere no quarto trimestre e dure até 2009. CRISE DE CRÉDITO É CULPADA "Não há dúvida de que a crise financeira foi um choque importante para a economia e isso está sendo refletido nos dados econômicos. Nós acreditamos que uma grande razão para isso foi o congelamento dos mercados de crédito", disse o porta-voz da Casa Branca, Tony Fratto. "É por isso que temos nos focado em descongelar nossos mercados de crédito e na estabilização do sistema financeiro." A contínua queda do emprego, a forte crise de crédito, baixa nos preços de moradias e os agitados mercados acionários colocaram os consumidores sob forte estresse. Os gastos dos consumidores, que alimentam dois terços da atividade econômica dos Estados Unidos, caíram a uma taxa de 3,7 por cento no terceiro trimestre acima dos 3,1 por cento estimados anteriormente --maior queda percentual desde o segundo trimestre de 1980. Os gastos com bens duráveis, como carros e eletrodomésticos que duram aos menos três anos, despencaram a uma taxa de 15,2 por cento e não 14,1 por cento como estimado anteriormente, maior queda desde 1987. O relatório revisado do PIB disponibilizou uma primeira visão dos lucros das empresas durante o terceiro trimestre. Os ganhos caíram 0,4 por cento após recuarem 5,4 por cento no segundo trimestre, afirmou o departamento. Os investimentos das empresas, enquanto isso, caíram a uma taxa revisada de 1,5 por cento no terceiro trimestre, mais do que os 1 por cento previstos anteriormente. Esta foi a primeira redução nos investimentos desde o final de 2006 e sinaliza que as empresas estão cautelosas sobre as perspectivas de vendas futuras. Apontando para o clima de deterioração econômica, os preços de residências familiares em setembro despencaram 17,4 por cento em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com o indicador Standard & Poor's/Case-Shiller Home Price Indices. Em outro sinal dos tempos, a maior construtora de casas dos EUA, D.R. Horton, divulgou um prejuízo de quarto trimestre de 799,9 milhões de dólares ante perda de 50,1 milhões de dólares um ano antes.

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