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Robert Zoellick propõe Alca sem Mercosul

Para ex-representante comercial dos EUA, nova área de livre-comércio deveria unir os 12 países com os quais os Estados Unidos mantêm acordos comerciais

Por Agencia Estado
Atualização:

Em artigo publicado no jornal The Wall Street Journal de segunda-feira, 8, o ex-representante de comércio dos Estados Unidos, Robert Zoellick, propõe a criação de uma associação entre os países que têm tratados de livre comércio com os Estados Unidos, o que na prática seria uma Área de Livre Comércio das Américas (Alca) sem a participação do Mercosul. "O presidente Bush e o novo Congresso democrata deveriam lançar uma nova Associação dos Tratados de Livre-Comércio Americanos (Aafta, na sigla em inglês)", diz Zoellick no artigo. "O Aafta daria indicações para as Américas que, apesar dos desafios da guerra e da crescente influência da Ásia, a estratégia global dos Estados Unidos precisa ter uma base hemisférica." Zoellick sugere que a Aafta una os 12 países com os quais os EUA mantêm acordos de livre comércio, mais os EUA, e estabeleça um "secretariado" em Miami para avançar com uma agenda de integração econômica e uma aliança para as negociações multilaterais de Doha. Com o tempo, diz Zoellick, os integrantes do Aafta poderiam costurar os diversos acordos bilaterais entre si. O ex-representante de comércio propõe também que o banco Interamericano de Desenvolvimento colabore com empréstimos. Zoellick foi o grande defensor da assinatura de tratados bilaterais de comércio, depois do impasse das negociações hemisféricas,e ficou famoso ao insinuar que o Brasil, se não aceitasse a Alca, ficaria isolado e teria que "vender seus produtos na Antártida". Ele pregava a chamada liberalização competitiva, apostando que a disseminação dos tratados bilaterais pressionaria os países a assinarem acordos com os EUA, para não perderem vantagens tarifárias. Mas a tese de Aafta de Zoellick deve enfrentar grande resistência do Congresso democrata, que já deixou claro que só vai aprovar os acordos comerciais com Colômbia, Peru e Panamá se puder impor restrições trabalhistas e ambientais. "Se o Congresso aprovar esses acordos, os Estados Unidos finalmente terão uma linha contínua de parceiros de livre-comércio se estendendo do Alasca até a ponta da América do Sul", diz Zoellick, que atualmente é vice-presidente do conselho de administração da Goldman Sachs e foi também secretário de Estado adjunto. "Os Estados Unidos não podem se dar ao luxo de perder interesse em sua própria vizinhança", diz Zoellick. "O populismo da América Latina está se aproveitando das frustrações genuínas de populações que não conseguiram tirar proveito das oportunidades econômicas. Não podemos deixar que os populistas pautem o debate. Já vimos que os eleitores do México, Colômbia, Peru, América Central e República Dominicana reconheceram que comércio com os Estados Unidos traz esperança e empregos." Segundo Zoellick, o presidente e o Congresso estão absortos com o tema da guerra, compreensivelmente. "Mas os EUA não se podem dar ao luxo de ignorar o resto do mundo. A agenda comercial dos EUA é a maior arma que temos para estimular as democracias nas Américas."

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