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Roberto Giannetti comenta acordo na OMC

Por Agencia Estado
Atualização:

Para o economista Roberto Giannetti da Fonseca, ex-secretário executivo da Câmara Brasileira de Comércio Exterior (Camex), o acordo obtido pelos países em desenvolvimento na reunião da Organização Mundial do Comércio, em Genebra, significa uma promessa de que num prazo talvez de 5 a 10 anos os subsídios pagos pelos Estados Unidos e União Européia a seus produtores agrícolas serão resolvidos ou eliminados, o que dará ao agronegócio uma situação competitiva muito melhor. "A competição vai ser de igual para igual, e nesse aspecto nós ganhamos de goleada, porque temos menores custos, uma grande quantidade de terra disponível e fatores de produção que podem nos levar a ser o grande fornecedor na área do agronegócio no mundo", disse ele, em entrevista ao Jornal da Cultura, da TV Cultura. Sem ilusões O ex-dirigente da Camex alertou, porém, que o Brasil não pode ter a ilusão de que os resultados do acordo serão de curto prazo. "Na verdade, nós estamos esperando que esse calendário de redução dos subsídios fosse feito desde a rodada do Uruguai, que terminou em 95. Portanto, tem nove anos que essa conversa vem sendo travada, com uma resistência muito grande dos países desenvolvidos. Finalmente, agora, depois da rodada de Dowa, em 2001, e esta agora, em Genebra, foi possível obter um compromisso de que isso vai ser feito." O papel do Brasil Roberto Giannetti elogiou os esforços do governo Lula para a obtenção do compromisso na OMC, mas lembrou que essa luta vem de governos anteriores. "O Brasil tem sido, há algum tempo, o grande artífice do lado dos países em desenvolvimento, até porque ele tem mais vantagens nessa negociação, por ser um país altamente competitivo na área do agronegócio. Na rodada de Dowa, em 2001, que eu tive o privilégio de participar como secretário da Camex, nós já tivemos naquele momento uma grande vitória, com a introdução do tema no texto, bem como a questão da quebra das patentes dos produtos farmacêuticos." A partir de Dowa, segundo Giannetti, os países desenvolvidos "passaram novamente a enrolar", impedindo avanços no encontro de Cancún. A razão dos subsídios Para o ex-secretário da Camex, os subsídios são fornecidos pelos Estados Unidos e países da União Européia porque não têm uma agricultura competitiva, mas que os produtores locais têm uma imensa força política para impedir sua diminuição ou seu fim. Ele citou o exemplo do açúcar europeu, cujo produtor recebe por cada tonelada o valor da mesma tonelada. "O mesmo acontece com o metanol, com os grãos, com a carne. É um absurdo: eles pagam por boi ou vaca na Europa um valor de 2 a 3 mil dólares, que é a renda per capita de países médios." Quem concorre com o Brasil Segundo Roberto Giannetti, com o fim ou mesmo uma significativa redução nos subsídios agrícolas, o Brasil terá como concorrentes maiores a Austrália, a Argentina e o Canadá, que têm grandes extensões de terra. Para ele, essa concorrência é saudável, pois estimula a eficiência, a produtividade e a nossa competência em termo de custos. Neste sentido, ele ressaltou a importância de preservar a Embrapa. "O governo Lula tem de dar um papel mais relevante à Embrapa, que tem sido a razão da alta produtividade que o Brasil consegue ter hoje em várias agriculturas. Acho que o ministro Roberto Rodrigues tem feito um trabalho muito importante nessa área, fazendo o agronegócio brasileiro o mais competitivo do mundo."

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