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Rodada Doha é remédio para recessão nos EUA, diz Amorim

Protecionismo levaria à repetição de erros da crise de 29, diz chanceler em Davos.

Por Rogerio Wassermann
Atualização:

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse nesta sexta-feira que o melhor remédio contra a possível recessão nos Estados Unidos e seus efeitos sobre a economia mundial seria um acordo para a abertura comercial na chamada Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC). "Quando se está com febre, às vezes é mais difícil tomar o remédio, mas é mais necessário tomar o remédio. É naquela hora que você tem que tomar", afirmou Amorim, que chegou na manhã desta sexta-feira a Davos, na Suíça, onde participa do Fórum Econômico Mundial. O chanceler disse que os países ricos devem resistir à tentação do protecionismo econômico em um momento de crise como o atual para não repetirem os erros cometidos em 1929, quando as restrições ao comércio mundial ajudaram a agravar a crise mundial. As declarações do ministro seguem a lógica das declarações feitas em Davos por outros líderes envolvidos nas negociações da Rodada Doha, que disseram que um maior nível de comércio entre os países pode servir para combater os efeitos de uma desaceleração econômica nos Estados Unidos. Impasse O chanceler brasileiro, que participa das negociações na OMC como um dos representantes dos países em desenvolvimento, deve aproveitar sua participação no fórum de Davos para se reunir em separado com o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, e os demais negociadores da Rodada Doha - o comissário de Comércio europeu, Peter Mandelson, a representante comercial dos Estados Unidos, Susan Schwab, e o ministro do Comércio da Índia, Kamal Nath. Os cinco também participam, na tarde de sábado, de uma mesa de discussões sobre o comércio internacional dentro da programação do fórum. Amorim advertiu que "Davos não é um lugar para negociações", mas disse que servirá para "conversas que ajudem a definir linhas políticas que permitam um acordo em breve". As negociações da Rodada Doha, que se arrastam desde 2001, estão em um impasse. Os países em desenvolvimento exigem uma abertura para seus produtos agrícolas e o fim dos subsídios agrícolas nos países ricos. Estes, por sua vez, pedem em troca uma abertura a seus produtos industriais e serviços. Eleições nos EUA Amorim se disse otimista em relação às negociações e afirmou que a perspectiva das eleições presidenciais americanas deste ano e as pressões políticas a favor do protecionismo nos Estados Unidos não deverão impedir um avanço. Segundo ele, as eleições americanas, ao contrário, podem ser "um fator de aceleração". "O presidente (George W.) Bush não é candidato à reeleição", argumentou Amorim, acrescentando que o momento de crise é uma oportunidade para que Bush mostre "liderança política". O chanceler brasileiro se disse "contente" de ouvir as declarações feitas por outros negociadores, como Mandelson e Schwab, a favor de um acordo em breve. Outro que declarou estar otimista com o avanço das negociações foi Lamy, para quem um acordo na Rodada Doha seria a melhor garantia contra o protecionismo. Pela manhã, em um discurso numa sessão do Fórum Econômico Mundial, o premiê britânico também defendeu uma abertura comercial contra a crise e disse ver "perigo" em partes da Europa, onde "muita gente quer recorrer ao protecionismo". BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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