20 de março de 2009 | 12h12
O bloqueio deve continuar até que a bancada governista na Câmara dos Deputados da Argentina garanta quórum para discutir em plenário o projeto de lei da oposição para reduzir a alíquota de 35% cobrada sobre a exportação da soja, segundo o presidente da Federação Agrária de Entre Rios, Alfredo De Angeli. O ministro do Interior, Florencio Randazzo, qualificou o bloqueio de "mecanismo de extorsão".
Randazzo disse que a criação do Fundo Federal Solidário, anunciado ontem pela presidente Cristina Kirchner, permitirá melhorar o nível de estabilidade e emprego em todo o país. O fundo estabelece a distribuição às províncias (Estados) de 30% da arrecadação federal com o imposto sobre as exportações de soja. Em ano de eleições legislativas, a decisão da presidente argentina de repartir a arrecadação desse imposto é vista como eleitoreira.
Analistas consideram que a medida tem dois objetivos. O primeiro é manter os governadores e prefeitos ao lado do "kirchnerismo", a corrente do Partido Justicialista (PJ, peronista) que segue o casal Cristina e Néstor Kirchner, o ex-presidente e atual presidente do PJ. O segundo objetivo da presidente é ignorar a reivindicação dos ruralistas de reduzir a alíquota de 35% da soja, aumentando a tensão do conflito que se arrasta há um ano. O anúncio da presidente ocorreu no momento em que os líderes ruralistas aumentavam a pressão no Congresso para reduzir as retenções da soja e momentos antes de embarcar para o Brasil.
Os produtores rurais argentinos já anunciaram a intenção de permanecer nas rodovias por tempo indeterminado e alguns deles já falam em locaute. No ano passado, um dos quatro locautes realizados durou 14 dias e levou a Argentina ao desabastecimento de alimentos e insumos básicos. O tráfego nas principais rodovias argentinas ficou bloqueado. Alguns líderes rurais já falam em repetição daquelas cenas de 2008.
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