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Rodovia do Mercosul na Argentina já tem 15 km de filas

Por MARINA GUIMARÃES
Atualização:

O bloqueio de produtores rurais na Rodovia 14, também conhecida por Rodovia do Mercosul, na Argentina, provoca uma fila de cerca de 15 quilômetros de caminhões carregados com variados tipos de mercadorias, entre elas alimentos perecíveis. A rodovia passa pela província de Entre Rios (ao norte de Buenos Aires), que faz fronteira com o Uruguai, e chega ao Rio Grande do Sul.O bloqueio deve continuar até que a bancada governista na Câmara dos Deputados da Argentina garanta quórum para discutir em plenário o projeto de lei da oposição para reduzir a alíquota de 35% cobrada sobre a exportação da soja, segundo o presidente da Federação Agrária de Entre Rios, Alfredo De Angeli. O ministro do Interior, Florencio Randazzo, qualificou o bloqueio de "mecanismo de extorsão".Randazzo disse que a criação do Fundo Federal Solidário, anunciado ontem pela presidente Cristina Kirchner, permitirá melhorar o nível de estabilidade e emprego em todo o país. O fundo estabelece a distribuição às províncias (Estados) de 30% da arrecadação federal com o imposto sobre as exportações de soja. Em ano de eleições legislativas, a decisão da presidente argentina de repartir a arrecadação desse imposto é vista como eleitoreira.Analistas consideram que a medida tem dois objetivos. O primeiro é manter os governadores e prefeitos ao lado do "kirchnerismo", a corrente do Partido Justicialista (PJ, peronista) que segue o casal Cristina e Néstor Kirchner, o ex-presidente e atual presidente do PJ. O segundo objetivo da presidente é ignorar a reivindicação dos ruralistas de reduzir a alíquota de 35% da soja, aumentando a tensão do conflito que se arrasta há um ano. O anúncio da presidente ocorreu no momento em que os líderes ruralistas aumentavam a pressão no Congresso para reduzir as retenções da soja e momentos antes de embarcar para o Brasil.Os produtores rurais argentinos já anunciaram a intenção de permanecer nas rodovias por tempo indeterminado e alguns deles já falam em locaute. No ano passado, um dos quatro locautes realizados durou 14 dias e levou a Argentina ao desabastecimento de alimentos e insumos básicos. O tráfego nas principais rodovias argentinas ficou bloqueado. Alguns líderes rurais já falam em repetição daquelas cenas de 2008.

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