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Rodrigues descarta medida cambial de ajuda à agricultura

A depreciação do dólar frente ao real é apontada como uma das causas principais para a crise que domina o setor

Por Agencia Estado
Atualização:

O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, afirmou nesta terça-feira que as medidas anunciadas pelo governo para a agricultura são insuficientes, mas descartou que sejam tomadas decisões que envolvam o câmbio. "O câmbio é uma questão macroeconômica que foge da minha área. É evidente que nós reconhecemos que a taxa de câmbio é um inibidor do processo de produção." A depreciação do dólar frente ao real é apontada como uma das causas principais para a crise que domina o setor. Isso porque os produtos agrícolas são contados em dólar para a venda ao exterior, enquanto os custos da agricultura são dados em reais. Este descasamento de preços tem sido o alvo de reclamações dos agricultores. Rodrigues afirmou que a questão do endividamento agrícola é um assunto que será tratado durante a tarde desta terça entre os governadores e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em reunião no Palácio do Planalto. Segundo ele, as medidas que serão anunciadas no dia 25 estão voltadas para o Plano de Safra e ações estruturantes. "O endividamento está sendo olhado dentro das conversas", disse o ministro ao deixar no início da tarde de hoje o Senado Federal, onde participou de seminário promovido por produtores rurais. Na última sexta-feira, o governo anunciou que liberará R$ 1 bilhão para garantir o preço mínimo na comercialização da soja. Estes recursos serão liberados por meio de Operações de Prêmio de Risco de Opção Privada (Prop). Trata-se de um auxílio que o governo pagará para garantir a renda mínima do produtor. A compensação será variável, entre R$ 1,50 e R$ 6 por saca de 60 quilos. O valor mais alto será para compensação para as regiões mais distantes. A meta é apoiar entre 15 e 20 milhões de toneladas de soja em leilões. Preocupações do governo Segundo Rodrigues, o governo trabalha com três níveis de preocupação quando o assunto é agricultura. O primeiro é o passado dos produtores, que implica, segundo ele, medidas de apoio à comercialização e solução para a questão do endividamento. "Várias medidas foram tomadas (mas elas foram) insuficientes. Outras estão sendo avaliadas", disse. O segundo ponto de preocupação para o governo é o Plano de Safra. "Não adianta resolver o problema circunstancial se não tivermos um horizonte consistente em volume de recursos e custos (dos empréstimos)", disse. O terceiro enfoque, segundo ele, é a estrutura, que prevê a redução de tributos, questões fiscais, biodiesel e seguro rural. "Quando todas essas coisas foram resolvidas nós teremos outra condição muito mais sustentável", explicou. Pior crise dos últimos 40 anos O ministro classificou a crise atual da agricultura como a pior dos últimos 40 anos. "O conjunto de fatores que causam esta crise também é inédito: câmbio, juros, logística, infra-estrutura, negociações internacionais, seca, gripe aviária e aftosa. É muito fator junto para a afetar o agricultor muito fortemente", declarou.

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