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Rodrigues diz que protesto em Araçatuba "é justo"

Antes de o ministro chegar, os manifestantes espalharam 1 tonelada de milho, uma tonelada de soja e 120 kg de arroz pela rua e canteiros da avenida que dá acesso ao parque onde era realizada a feira.

Por Agencia Estado
Atualização:

Produtores rurais da região de Araçatuba, interior de São Paulo, jogaram 2,1 toneladas de grãos na rua e depois atearam fogo em protesto contra os baixos preços dos produtos e endividamento no setor. O protesto foi feito durante a visita do ministro Roberto Rodrigues à Feira de Negócios do Setor de Energia (Feicana/Feibio 2006). Rodrigues disse que o protesto foi "justo". Antes de o ministro chegar, os manifestantes espalharam 1 tonelada de milho, uma tonelada de soja e 120 kg de arroz pela rua e canteiros da avenida que dá acesso ao parque onde era realizada a feira. Depois que o ministro chegou, eles colocaram fogo numa parte dos grãos. Porém, a organização da feira evitou o confronto do ministro com os agricultores, desviando a comitiva por uma entrada lateral do parque. "Ele é ministro da cana, não da agricultura", afirmou o produtor José Carlos Roberto, plantador de soja, ao ficar sabendo do desvio do ministro. "Queríamos que ele passasse por aqui para ouvir nossas reivindicações", afirmou o líder do movimento, Roberto Frare, presidente da Associação dos Produtores de Coroados, que engloba 93 produtores, 95% dos quais endividados na última safra. Os manifestantes espalharam faixas de protesto com os seguintes dizeres: "Senhor ministro da Agricultura, com preços baixos da soja e do milho não conseguimos pagar nossas dívidas. Você já se alimentou hoje? Agradeça ao produtor rural". Outra faixa era contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva: "Lula a nova praga da agricultura". Acusações Os produtores acusam o governo de incentivar a crise no campo ao não estabelecer preço mínimo para os produtos e seguros agrícolas para garantir a plantação. Eles culpam o governo pela desvalorização do dólar que aumentou o custo de produção dos grãos. "Enquanto o preço dos grãos caiu em mais de 50% de 2003 para cá, o dos insumos continuou estável", afirmou Frare. Segundo ele, o custo de produção da soja na região, por exemplo, foi de R$ 27,00 por tonelada, mas os agricultores receberam apenas R$ 23,00. De acordo com Frare, centenas de produtores da região estão com nomes na Serasa e estão sendo protestados ou executados por bancos e cooperativas que financiaram as duas últimas safras, uma delas também foi atingida em cheio pela estiagem. Segundo ele, há exemplos de sobra de agricultores que tiveram de vender bens, como colheitadeiras, tratores e até as propriedades rurais. Além disso, a Fazenda Nacional decidiu executar - e em alguns casos até leiloar bens de produtores que não conseguiram quitar financiamentos de safras passadas. MP do Bem O ministro Roberto Rodrigues considerou "justo" o protesto. Ele afirmou que o governo prepara a MP do Bem para a Agricultura, que irá propor uma ampla renegociação de dívidas e recursos para a comercialização da safra. Rodrigues também citou, como medida para minimizar o problema de preços baixos nos grãos, a adoção, por parte do governo, de medidas de apoio ao preço mínimo e comercialização, como AGF e PEP. No entanto, apesar do Ministério ter pedido R$ 1,7 bilhão para tais medidas, o orçamento da União para este ano ainda não foi aprovado, o que dificulta o apoio ao setor. "O preço do mercado neste momento está abaixo dos preços mínimos e, quanto isso acontece o governo deveria intervir; mas como o orçamento não foi aprovado, não conseguimos alocar esses recursos", disse o ministro.

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