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Rompimento de barragem em Brumadinho afeta desempenho da indústria em MG, ES e PA

As indústrias extrativas registraram recuo de 9,7% no ano de 2019, pior resultado da série histórica iniciada em 2003

Por Daniela Amorim (Broadcast)
Atualização:

RIO - A tragédia do rompimento da barragem da mineradora Vale na região de Brumadinho, em Minas Gerais, em janeiro do ano passado, pesou negativamente no resultado da indústria de três regiões do País, no fechamento de 2019. Além de Minas Gerais, que teve uma queda de 5,6% na produção industrial local, também houve perdas no Espírito Santo (-15,7%) e no Pará (-1,3%).

Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física Regional, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As indústrias extrativas registraram recuo de 9,7% no ano de 2019, pior resultado da série histórica iniciada em 2003.

Na indústria extrativa, queda foi influenciada pelo minério de ferro Foto: Marcos Arcoverde

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“O minério de ferro traz reflexos negativos para Minas Gerais, Espírito Santo e Pará”, confirmou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE, acrescentando que o impacto da menor extração de minério de ferro foi maior em Minas do que nos outros locais.

No Pará, houve recuperação da produção ao longo do ano, enquanto que o tombo da indústria capixaba teve influência também das perdas nas atividades de papel e celulose e de metalurgia.

“Brumadinho afetou o desempenho. Você vê reflexos do setor extrativo. E, para além disso, tem a indústria de transformação”, ressalta Macedo. “É claro que o setor extrativo tem participação na construção de queda no total nacional, mas tem também parte importante de atividades em queda e que traz também essa disseminação de perdas entre as regiões”, completou.

A produção industrial recuou em sete dos 15 locais pesquisados no ano de 2019. As demais perdas ocorreram na Região Nordeste (-3,1%), Bahia (-2,9%), Mato Grosso (-2,6%) e Pernambuco (-2,2%). Na média global, a indústria nacional recuou 1,1% em 2019.

A indústria de São Paulo, maior parque fabril do País, teve ligeiro crescimento de 0,2% no ano passado. No entanto, nove dos 18 setores industriais da região amargaram perdas, sendo a mais significativa delas a do segmento de veículos automotores.

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A produção industrial de São Paulo recuou em novembro (-3,0% ante outubro) e em dezembro (-0,9% ante novembro), acumulando uma queda de 3,9% em dois meses de retração. Após um fim de ano difícil, a indústria paulista já opera 22,1% abaixo do pico alcançado em março de 2011.

 “Boa parte desse resultado negativo em dezembro para a indústria paulista ficou no setor de veículos automotores, principalmente na produção de automóveis. O setor veio apresentando comportamento errático ao longo de 2019, principalmente com a crise na Argentina, o desemprego, e as incertezas que diminuem as tomadas de decisões tanto por parte dos investidores quanto por parte do consumo das famílias”, justificou Bernardo Almeida, analista da Coordenação de Indústria do IBGE.

Segundo o pesquisador, o mau desempenho do parque industrial de São Paulo na passagem de novembro para dezembro também teve contribuição da indústria alimentícia, por causa da redução na fabricação de açúcar, uma vez que a cana-de-açúcar entrou no período de entressafra, acrescentou Almeida.

A indústria paulista recuou 0,5% no quarto trimestre de 2019 ante o terceiro trimestre do ano passado. Na comparação com o quarto trimestre de 2018, a produção industrial de São Paulo avançou 0,8% no quarto trimestre de 2019.

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