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Rondeau admite componente geopolítico em acordo sobre gás

"A Bolívia é o país que tem a maior fronteira com o Brasil e não seria interessante que houvesse problemas internos naquele país", disse ministro de Minas e Energia

Por Agencia Estado
Atualização:

O ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, admitiu nesta quinta-feira, 15, que o acordo fechado com a Bolívia com relação ao preço do gás importado pelo Brasil teve um componente geopolítico. "Tínhamos que achar uma fórmula. É uma questão geopolítica para a qual havia uma orientação. A Bolívia é o país que tem a maior fronteira com o Brasil e não seria interessante que houvesse problemas internos naquele país", disse. O acordo fechado prevê que o Brasil pagará à Bolívia um adicional pelos componentes nobres embutidos no gás que é vendido ao Brasil, no que superar o piso calorífico de 8.900 quilocalorias (kcal) por metro cúbico. Acima deste limite, o pagamento adicional seguirá a cotação internacional dos componentes nobres, na proporção em que estiverem presentes no gás. Esses componentes nobres que estão presentes no gás são o etano, usado na fabricação de plástico, o propano e o butano, que formam o gás liquefeito de petróleo, conhecido como gás de cozinha, e a gasolina natural, que é usada como matéria prima na indústria petroquímica. Rondeau destacou que não existe acordos similares a esse em outros países porque normalmente o país que vende o gás tem uma estrutura de plantas industriais para separar esses componentes mais nobres e vender apenas o metano, que é suficiente para atender a demanda de combustíveis em termelétricas e na indústria. E esse não é o caso da Bolívia, que não dispõe desse tipo de estrutura. Rondeau reiterou que essa mudança é feita por meio de um aditivo ao contrato entre Brasil e Bolívia e garantiu que isso não representa uma quebra de contrato. Ele também admitiu que necessariamente haverá sempre um adicional calorífico na compra de gás da Bol uma vez que o contrato entre os dois países estabelece um nível calorífico mínimo de 9.200 kcal por metro cúbico, superior portando ao piso de 8,900 a partir de qual é considerado o adicional. Ainda ressaltou que na prática o gás que o Brasil recebe atualmente tem um poder energético ainda maior, de 9.400 kcal por metro cúbico. Assim, em média, haveria um adicional de 500 kcal por metro cúbico, no qual vai incidir esse preço. Rondeau justificou o estabelecimento do piso em 8.900 kcal afirmando que esse é um padrão internacional. Disse que também o contrato da Bolívia com a Argentina estabelece esse piso, a partir do qual se paga a mais pelos componentes mais nobres. O ministro afirmou que os gastos a mais que a Petrobras terá com o acordo fechado com a Bolívia para o preço do gás são "recuperáveis". Rondeau explicou que esse gasto adicional será recuperado tão logo a Petrobras instale uma fábrica de separação desses componentes para vendê-los à indústria petroquímica. Mas por enquanto ainda não há uma previsão de quando essa indústria poderá ser instalada. "A Petrobras deverá achar uma solução no curto prazo para resolver isso. A empresa já está investindo em novas reinarias, por exemplo, e deverá ter uma resposta para isso", afirmou. Matéria alterada às 14h53 para acréscimo de informações

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