O ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, explicou que ainda estão sendo negociados com a Bolívia o preço do gás vendido ao Brasil e a situação das duas refinarias de derivados de petróleo, que a Petrobrás possui naquele país. Rondeau conversou com a imprensa, depois de votar em uma escola no bairro do Sudoeste, em Brasília. Segundo ele, já está decidido que a YPFB terá o controle acionário das unidades, ou seja, 50% mais uma das ações. O que a Petrobras está decidindo agora, segundo o ministro, é se sairá do negócio do refino, se permanecerá como sócia minoritária, mas operando as instalações, ou se será minoritária, sem operar as refinarias. Independentemente disso, segundo Rondeau, é fundamental que a Petrobras receba uma indenização pela transferência do controle das refinarias para a Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB). Sobre o preço do gás, Rondeau lembrou que as negociações foram prorrogadas até o dia 10 de novembro e poderão ser prorrogadas novamente, caso uma das partes julgue necessário. Ele ressaltou, entretanto, que atualmente, o preço que chega o gás boliviano em São Paulo (maior mercado) já é equivalente ao preço de referência internacional do combustível, o que diminui a margem para um aumento desejado pelos bolivianos. Rondeau destacou que ao acordo assinado ontem garante também o fornecimento de gás ao Brasil, pelo menos até o fim do atual contrato de importação, que termina em 2019. Para o ministro, a assinatura do contrato de exploração e produção de gás entre o governo boliviano e a Petrobrás mostra que a estratégia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava correta. "A Petrobrás e a YPFB deram demonstração clara de como superar estrategicamente pequenas diferenças", afirmou. Ele também reiterou que o acordo "não fecha porta e nem explode pontes" e mantém o diálogo para até mesmo se pensar em novos investimentos na Bolívia. Negociações Rondeau reiterou que tanto a Bolívia quanto o Brasil cederam para fechar, na noite de sábado, o novo contrato de exploração e produção de gás da Petrobrás. Rondeau só não soube dizer qual das partes cedeu mais. "Certamente a Bolívia cedeu e certamente a Petrobrás cedeu. Não sei quem cedeu mais, mas os dois lados estão satisfeitos", afirmou. O ministro reiterou que o acordo fechado no sábado prevê que a Petrobras será uma prestadora de serviços, na área de exploração e produção de gás, mas que terá uma rentabilidade adequada, o que permitirá a sua permanência no país vizinho. Sem dar mais detalhes, Rondeau explicou que a Petrobrás terá 18% das receitas com as venda de gás, e o governo boliviano os demais 82%, como previa o decreto de nacionalização dos recursos naturais, editado em 1º de maio, pelo presidente boliviano Evo Morales. Mas a Petrobrás conseguiu um mecanismo de flexibilização desse rateio, que permitirá obter porcentuais maiores. O novo contrato precisará ser aprovado pelo parlamento boliviano, antes de entrar em vigor. Rondeau acredita que o documento deverá ser encaminhado ao Legislativo boliviano na segunda-feira e que o texto não terá dificuldades para ser aprovado. O prazo de vigência do acordo é de 30 anos.