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Roteiro de sucesso passa pelas incubadoras

Empreendedores vão em busca de auxílio para chegar ao mercado

Por Carlos Marchi
Atualização:

Parece roteiro de filme. No início de 2002, recém-formado em computação, Iron Daher tinha ideias mirabolantes para explorar o futuro da biometria, os métodos de identificação mediante leitura digitalizada. De Goiânia, foi a Campinas inscrever sua empresa - que então só existia na sua cabeça - na incubadora de empresas da Unicamp. Seis anos depois, Iron está morando em San José, Califórnia, onde dirige a filial americana da Griaule Biometrics, que exporta softwares para 80 países. Parece filme, também, a história da engenheira química Wang Shu Chen. Ela era responsável técnica de uma multinacional e adoeceu, contaminada pelos solventes das colas adesivas. Tratou-se e resolveu ter sua empresa para fazer outro tipo de cola. Como Iron, inscreveu-se no Centro Incubador de Empresas Tecnológicas da USP (Cietec). Wang não tinha a menor ideia sobre gestão de empresas, mas sabia como produzir uma cola instantânea sem solventes VOC (compostos orgânicos voláteis). A Adespec, sua empresa, ainda incubada, faturou R$ 5 milhões em vendas no ano passado. As duas histórias têm enredos parecidos: transformar um bom projeto científico em empresa só é possível com o auxílio das incubadoras, cujo papel é bem parecido com o significado da palavra - nelas, só faltam um berço para abrigar o empresário nascente. Iron já deixou a incubadora, mas não abandonou o ambiente. A sede da Griaule é na Cidade Universitária, colada na Unicamp, em Campinas. "A gente não dispensa consultoria dos professores, continua usando facilidades da Fapesp, da Finep, do CNPq", conta Valmira Forgatti, diretora da Griaule. Wang ainda tem um pé na incubadora - a sede da empresa fica dentro do Cietec. Mas o outro está fora desde 2003. A unidade industrial, que ficava num galpão de 450 m², desde o ano passado está numa fábrica de respeito, com 1.000 m², em Taboão da Serra, com equipamentos novos importados dos Estados Unidos, Alemanha e China, um investimento de R$ 2 milhões. A empresa tem forte viés ambiental: "Nossos vendedores são treinados para vender uma solução para as pessoas e para o planeta", diz Klaus Lenk, diretor financeiro, indicado pelo parceiro Rio Bravo Investimentos. A Griaule não tem vendedores. Alcança seus clientes - em geral, empresas de segurança do mundo inteiro - pela internet. Seu grande sucesso é o Fingerprint SDK, software que identifica as impressões digitais por meio de um algoritmo bem mais rápido que seus concorrentes mundiais. Nenhum dos 18 pesquisadores e desenvolvedores jamais passou pela porta de uma academia de polícia, mas a Griaule ostenta orgulhosa um certificado de qualidade emitido pelo FBI (polícia federal americana). A Adespec tem 12 operários trabalhando em sua fábrica. Pretende ficar na incubação até 2010, diz Lenk. A empresa ainda não tem agência de publicidade - seus rótulos e papéis foram feitos pelos alunos da Escola de Comunicação e Artes (ECA), da USP - mas eles relatam dois orgulhos: um, que são uma sociedade anônima desde que se associaram à Rio Bravo; outro, que detêm as maiores vendas de colas adesivas instantâneas nos supermercados Wal- Mart. Como se vê, os roteiros dos dois filmes caminham para um final feliz. FRASE Valmira Forgatti Diretora da Griaule "A gente não dispensa a consultoria dos professores, continua usando facilidades da Fapesp, da Finep, do CNPq"

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