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Rótulo nutricional ajuda na escolha do alimento mais saudável

Veja dicas para fazer a leitura correta da lista de ingredientes de produtos processados

Por Márcia Melo
Atualização:

O Atlas da Situação Nutricional e Alimentar da população brasileira, publicado pelo Ministério da Saúde agora em novembro, confirma a tendência já apontada desde a Pesquisa de Orçamento Familiar do IBGE 2008/2009: 63% de mais de 12 milhões de brasileiros estudados estão com sobrepeso e, destes, 28,5% têmdiagnóstico de obesidade, o que comprovadamente desencadeia as doenças consideradas "crônicas não transmissíveis" (DCNT), como hipertensão, diabetes, hiperlipidemias e doenças cardíacas, que são as maiores causas de mortalidade em nosso País.

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O papel dos rótulos para produtos processados extrapola o de meio de comunicação entre quem fabrica e quem consome. Rotulagem nutricional faz parte da estratégia de combate epidemiológico da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) contra as DCNT. Rótulo, então, é ferramenta crucial para facilitar a escolha mais saudável pelo consumidor.

Segundo um estudo do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) de 2014, devido ao tamanho da letra e ao desconhecimento do que significam algumas informações, a tabela de informação nutricional é bem menos consultada que as frases de alertas contidas na rotulagem de alimentos.

Leitura dos rótulos pode ajudar, por exemplo, a identificar produtos corretamente identificados como 'integrais'. Foto: Gabriela Biló/Estadão

Seguem, então, algumas dicas que podem ajudar o consumidor no momento da escolha do produto, observando a rotulagem nutricional:

  • Lista de ingredientes: os que estão listados primeiro estão presentes em maior quantidade no produto. Os ingredientes são descritos de modo decrescente, do item em maior quantidade no produto até o de menor quantidade presente no produto. Se o primeiro item da lista começa com farinha não integral ou açúcar, por exemplo, já indica que pode se tratar de um produto cujo consumo deva ser moderado ou até evitado. Um engano comum é adquirir um pão ou bolo com denominação de venda "integral" e na sua lista de ingredientes não constar farinha integral, somente grãos integrais. Farinha integral é definida como aquela que manteve todas as suas características e totalidade dos nutrientes essenciais, como quando o grão é colhido na natureza. Significa que a industrialização não retirou partes significativas, preservando fibras e sais minerais.
  • Aditivos químicos: estão no final da lista de ingredientes porque há quantidade determinada por lei para uso na fabricação de alimentos. São substâncias utilizadas para conservar, realçar saborou aroma, ou impedir alterações sensoriais, ou mesmo corrigir textura, consistência, dentre outras finalidades. São os conservantes, aromatizantes, corantes, edulcorantes, estabilizantes, espessantes, antioxidantes e acidulantes. São permitidos pela Anvisa, mas em alguns casos, dependendo da quantidade consumida por dia, em médio ou longo prazo, podem causar alergias ou alterações orgânicas e até câncer. Sendo assim, ideal é dar preferência aos produtos que não contenham essas substâncias ou evitar o consumo deles.
  • Gorduras trans: tipo de gordura encontrada em grandes quantidades em alimentos industrializados como as margarinas, cremes vegetais, biscoitos, sorvetes, snacks (salgadinhos prontos), produtos de panificação, alimentos fritos e lanches salgados que utilizam as gorduras vegetais hidrogenadas na sua preparação. O consumo desse tipo de gordura deve ser muito reduzido, considerando que o nosso organismo não necessita desse tipo de gordura e ainda porque, quando consumido em grandes quantidades, pode aumentar o risco de desenvolvimento de doenças do coração. Não se deve consumir mais que 2 gramas de gordura trans por dia.
  • Fibras: estão presentes em diversos tipos de alimentos de origem vegetal, como frutas, hortaliças, feijões e alimentos integrais. A ingestão de fibras auxilia no funcionamento do intestino, evitando muitas doenças. Nos produtos industrializados, ideal é procurar por produtos com altos %VD (valores diários recomendados) de fibras alimentares na tabela do rótulo!
  • Gorduras saturadas: devem ter consumo moderado. Comparar produtos similares e escolher o de mais baixo valor de %VD na tabela.
  • Sódio: está presente no sal de cozinha e alimentos industrializados (salgadinhos de pacote, molhos prontos, embutidos, produtos enlatados com salmoura) devendo ser consumido com moderação uma vez que o seu consumo excessivo pode levar ao aumento da pressão arterial. Deve-se evitar os alimentos que possuem altos %VD em sódio.

No dia 9 de outubro foi publicada pela Anvisa a Nova Rotulagem Nutricional, que entrará em vigor em 24 meses. Teremos novo formato dos rótulos com mudanças que ajudarão ainda mais o consumidor a fazer melhores escolhas. Por enquanto, ideal é ficar atento às dicas acima.

O importante é escolher alimentos mais saudáveis a partir da comparação de alimentos similares, como, por exemplo, escolher o iogurte, queijo, pão mais adequado para a saúde. Quanto menos processado, melhor!

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*Márcia Melo, nutricionista, colaboradora do Sindicato de Nutricionistas do Estado de São Paulo

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