PUBLICIDADE

Rumor de invasão do Iraque derruba Bolsa de NY

Por Agencia Estado
Atualização:

O Departamento de Defesa (Pentágono) tentou acalmar, nesta terça-feira, pelo segundo dia consecutivo, o nervosismo na Bolsa de Valores de Nova York, desmentindo veementemente os rumores de que comandos especiais dos EUA haviam entrado em território iraquiano. Falava-se que forças americanas haviam ingressado na região curda, no norte do Iraque, que faz parte da zona de exclusão aérea estabelecida por EUA e Grã-Bretanha depois da Guerra do Golfo, em 1991. Aviões anglo-americanos patrulham diariamente essa parte do país. O mercado de ações abriu nesta terça-feira em alta, mas, com a intensificação dos boatos, o índice industrial Dow Jones chegou a baixar 150 pontos. Após o desmentido do governo, houve uma pequena recuperação, e o mercado fechou com queda de 30 pontos, ou 0,3%. Na última quinta-feira, o Pentágono já havia negado rumores semelhantes que afetaram a Bolsa de Valores. A especulação de que o Iraque é o próximo alvo de ataques americanos aumentou depois que o presidente George W. Bush descreveu no mês passado o país como parte do "eixo do mal", ao lado de Irã e Coréia do Norte. O governo iraquiano confirmou nesta terça-feira que uma delagação do país, liderada pelo chanceler Naji Sabri, vai reunir-se em Nova York no dia 7 com o secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, dando início à retomada de diálogo "amplo e aberto". Na segunda-feira, assessores de Annan anteciparam que seriam reiniciadas as conversações sobre a volta de inspetores de armas da ONU àquele país, pela primeira vez em mais de três anos. O secretário está tentando evitar um confronto militar entre o Iraque e os Estados Unidos - que exigiram que Bagdá permita o livre acesso de inspetores de armas da ONU, para que estes possam procurar substâncias químicas suspeitas e programas de armas nucleares no país. Entretanto, membros da organização afirmam que o Iraque não deu sinais de estar disposto a permitir a volta dos inspetores. Funcionários da ONU revelaram que Annan tentará limitar as discussões do dia 7 a um punhado de questões principais, inclusive a obrigação do Iraque de permitir o retorno dos inspetores e de prestar contas sobre o paradeiro de centenas de cidadãos kuwaitianos que desapareceram durante a ocupação do Kuwait pelas forças iraquianas. "O secretário-geral espera manter uma discussão concentrada na implementação de resoluções relevantes do Conselho de Segurança da ONU, inclusive o retorno dos inspetores de armas da organização ao Iraque," declarou a porta-voz Stephane Dujarric. O presidente Saddam Hussein, do Iraque, pediu a Annan, servindo-se de um intermediário da Liga Árabe, no mês passado, que reiniciasse as discussões sobre o destino de seu país. As conversações do dia 7 vão durar apenas um dia, mas poderão ser retomadas após a conferência de cúpula dos ministros de Relações Exteriores dos países árabes, programada para os dias 27 e 28 de março em Beirute. Funcionários americanos deixaram claro a Annan que não poderão oferecer concessões ao Iraque em troca do compromisso de permitir a entrada dos inspetores no país. "As conversações devem ser breves", declarou um deles. "O Iraque precisa cumprir todas as resoluções da ONU. Não há concessões." Annan aconselhou os Estados Unidos a serem cautelosos. Após uma reunião mantida em Londres com o primeiro-ministro Tony Blair, da Grã-Bretanha, o secretário-geral da ONU declarou aos repórteres: "Qualquer ataque ao Iraque neste estágio seria imprudente."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.