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Ruralistas argentinos decidem hoje se farão trégua

Por ARIEL PALACIOS
Atualização:

As lideranças das quatro maiores associações de produtores agropecuários da Argentina - Sociedade Rural, Federação Agrária, a Confederações Rurais Argentinas (CRA) e a Confederação Intercooperativa Agropecuária (Coninagro) - reúnem-se hoje à tarde para definir se fazem uma nova trégua no locaute que realizam há uma semana e meia em protesto contra a política que o governo da presidente Cristina Kirchner aplica ao setor. O presidente da Federação Agrária, Eduardo Buzzi, afirmou aos ruralistas que é preciso ter "racionalidade", de forma a evitar que a população fique contra os agricultores por causa da prolongada paralisação do setor (além do atual locaute, os ruralistas realizaram outro em março, de 21 dias de duração, que provocou desabastecimento de alimentos e disparada da inflação). Por este motivo, Buzzi indicou que a reunião para definir a continuidade do locaute, inicialmente programada para a quarta-feira, foi antecipada para hoje. "Quisemos encurtar as distâncias, facilitar a discussão, e por isso mesmo a comissão antecipou a reunião para esta segunda-feira". Informações extra-oficiais sustentam que os produtores agrícolas poderiam realizar uma suspensão "parcial" do locaute, de forma a emitir um sinal de paz para o governo, e assim, conseguir que a presidente Cristina aceite retomar o diálogo. Os analistas políticos destacam que até o momento, desde março, grande parte da população argentina esteve do lado dos produtores agrícolas em seu protesto contra o governo Cristina. A classe média colaborou com os protestos realizando panelaços, especialmente em Buenos Aires. Mas os analistas também indicam que o locaute está se prolongando demais, fator que começa a irritar a população. Além disso, a duração do locaute está prejudicando os próprios ruralistas. Um dos problemas a curto prazo é o plantio do trigo, que deveria começar em poucos dias. Os agricultores exigem que o governo suspenda os aumentos que aplica desde o início de março aos impostos sobre as exportações de produtos agrícolas. Eles também pedem o fim do sistema de impostos "móveis" - que oscilam de acordo com os preços internacionais dos produtos - além da eliminação das restrições existentes para as exportações de carne bovina e trigo. O atual locaute começou em 8 de maio e incluiu piquetes nas estradas para impedir a passagem de caminhões que transportem cereais para exportação. Os produtores também impedem a passagem de caminhões estrangeiros, entre eles, os brasileiros. O governo de Cristina Kirchner afirma que só irá ao diálogo se a paralisação dos produtores agrícolas for suspensa. "Existem situações intransigentes, como esta, que não servem para encontrar a solução", disse o secretário de Agricultura, Javier Urquiza.

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