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Ruralistas argentinos prorrogam locaute contra Cristina

Por ARIEL PALACIOS
Atualização:

As lideranças da Sociedade Rural, Federação Agrária, a Confederações Rurais Argentinas (CRA) e a Coninagro - as quatro maiores entidades agropecuárias do país - anunciaram hoje no fim da tarde que prorrogarão o locaute que realizam desde a quinta-feira da semana passada em protesto contra as políticas econômicas do governo da presidente Cristina Kirchner com o setor. Os ruralistas explicaram que enviaram uma carta à presidente para solicitar uma audiência pessoal e "urgente" para tentar resolver o impasse que já dura mais de dois meses. No início do dia, os assessores da presidente ressaltaram que o governo só dialogará com os produtores se eles suspenderem a paralisação. Os produtores exigem a suspensão dos polêmicos aumentos dos impostos sobre as exportações de produtos agropecuários e a eliminação do sistema de tributos "móveis" (que variam de acordo com o preço internacional dos produtos). Eles também pedem o fim das restrições aplicadas desde dezembro para a exportação de trigo. Além disso, exigem o fim das limitações para a venda de carne bovina para o exterior. Estas últimas duas medidas foram tomadas pelo governo para redirecionar os produtos para o mercado interno argentino, e assim, tentar reduzir a escalada da inflação. O locaute, iniciado há oito dias, incluiu mais de 300 piquetes nas estradas para impedir a passagem de caminhões que transportassem cereais para a exportação. Além disso, os piquetes, especialmente os realizados na Estrada Nacional Número 14, mais conhecida como a "Rodovia do Mercosul" (por onde passa a maior parte das mercadorias entre o Brasil e a Argentina), estavam impedindo a passagem de caminhões estrangeiros, entre eles, os brasileiros. A primeira edição do locaute ocorreu em março, quando os produtores realizaram uma paralisação - que incluiu piquetes nas estradas - sem precedentes de 21 dias. Na ocasião, a paralisação provocou a disparada da inflação e o desabastecimento de alimentos. O locaute de março também foi o primeiro desafio aberto de um setor econômico ao poder do denominado "casal presidencial", ou seja, a presidente Cristina Kirchner e seu marido e ex-presidente Néstor Kirchner. Por tabela, o locaute também gerou panelaços da classe média portenha contra o governo Cristina. Os panelaços realizados em março e maio foram os primeiros desde 2002, época em que o país estava mergulhado em sua pior crise financeira e social.

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