PUBLICIDADE

Rússia lança candidatura de checo para o FMI

Proposta russa tenta romper tradição de diretor do Fundo indicado por EUA ou UE.

Por BBC Brasil
Atualização:

A Rússia apresentou nesta quarta-feira a indicação do ex-primeiro-ministro checo Josef Tosovsky para o cargo de diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional). Em uma nota, o Ministério das Finanças da Rússia diz que Tosovsky é a "pessoa certa no lugar certo e na hora certa" para ocupar o cargo. "Por possuir sólida experiência prática na esfera da cooperação econômica internacional, sendo um reconhecido especialista em questões de estabilidade financeira, ele é o candidato perfeito", afirma o comunicado. Com Tosovsky, agora são dois os candidatos ao cargo ocupado hoje pelo espanhol Rodrigo de Rato, que anunciou que está deixando a instituição em outubro. O outro, que conta com o apoio da União Européia, é o ex-ministro das Finanças francês Dominique Strauss-Kahn. Tradicionalmente, o nome do diretor-gerente do FMI é indicado pela União Européia e o do Banco Mundial, pelos Estados Unidos - uma regra que vem sendo contestada pela Rússia e outros países, incluindo o Brasil. O ministro das Finanças da Rússia, Alexei Kudrin, disse que conversou com representantes dos Brics (Brasil, Índia e China, além da Rússia), que teriam defendido a idéia de que o processo de escolha do novo diretor-gerente do fundo seja "competitivo". Por meio da assessoria de imprensa do Ministério da Fazenda, o ministro Guido Mantega disse que o Brasil considera importante a indicação do ex-primeiro-ministro checo e está interessado em conhecer as idéias dele para o Fundo. Em uma nota divulgada por ocasião de uma visita de Strauss-Kahn a Brasília, no início do mês, o governo reiterou a "preocupação brasileira com o compromisso de que seja abandonada a tradição, não escrita, de que o dirigente máximo do Fundo seja necessariamente um europeu". A mesma mensagem diz que o Brasil iria acompanhar o "desenrolar do processo sucessório no Fundo" antes de definir sua posição na eleição. Tosovsky foi chefe do Banco Central da República Checa em dois períodos, entre 1993 e 1997 e entre 1998 e 2000, e ocupou o cargo de primeiro-ministro de dezembro de 1997 a julho de 1998. Atualmente, ele preside o Instituto de Estabilidade Financeira, um braço do BIS (Banco de Compensações Internacionais, que reúne os Bancos Centrais de todo o mundo). "É uma grande honra para mim ser considerado para o cargo mais importante do FMI", disse Tosovsky, em um comunicado. "Estou satisfeito com o fato de minha indicação ter provocado uma reação positiva por parte de ministros das Finanças e presidentes de Bancos Centrais de vários países em todas as regiões do mundo." O lançamento da candidatura de Tosovsky, porém, não foi visto com bons olhos pelo governo da própria República Checa, país-membro da União Européia, que já apoiava Strauss-Kahn. "Tosovsky não é o candidato da República Checa. Nós coordenamos nossa posição para a indicação do diretor-gerente do FMI com a União Européia", disse o primeiro-ministro checo Mirek Topolanek. O FMI recebe até o dia 31 de agosto indicações para o cargo de Rodrigo de Rato, que decidiu deixar o cargo em outubro, cerca de dois anos antes do final de seu mandato, alegando motivos pessoais. Depois de encerradas as indicações, o conselho executivo do FMI vai escolher seu substituto. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.