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Sadia quer concluir negociações até junho

Empresa diz que conversas com a Perdigão estão em andamento

Por Tatiana Freitas
Atualização:

O presidente do conselho de administração da Sadia, Luiz Fernando Furlan, afirmou que até junho haverá uma definição para o problema de capitalização da companhia - seja por meio de uma associação com a Perdigão ou por outras alternativas. Durante encontro com analistas ontem na sede da companhia, Furlan confirmou que as negociações com a Perdigão estão sendo levadas adiante pelos bancos contratados pelas empresas: Banco Bradesco de Investimentos, pela Sadia, e UBS Pactual, pela Perdigão. "Estamos vivenciando a quinta ou sexta tentativa de criar uma grande empresa brasileira multinacional, líder no mercado mundial de produtos de carnes. Esses entendimentos têm sido levados adiante pelos bancos contratados", disse. Segundo Furlan, o principal entrave nas negociações é o tamanho da participação de cada empresa no novo negócio. "O que está sendo discutido é como se vai compor a participação das duas empresas numa futura negociação", afirmou. "O problema não é o preço das ações, pois ninguém está vendendo nada." Questionado sobre uma possível imposição por parte das famílias controladoras da Sadia (Furlan e Fontana) de permanência no comando das operações após uma eventual união com a Perdigão, Furlan reforçou que "na hipotética possibilidade de fusão das duas principais empresas do setor você não tem nem um, nem outro, e sim uma terceira situação". "Hipoteticamente, o que está se procurando é encontrar uma razoável relação de composição da terceira entidade que está sendo formada", completou. DÍVIDA ALTA A Sadia acumula uma dívida de R$ 6,7 bilhões decorrente, principalmente, de prejuízos com operações com derivativos cambiais. Na tentativa de valorizar a companhia na negociação com a Perdigão, as famílias Furlan e Fontana têm procurado ressaltar o valor da marca Sadia entre os consumidores. "O que os acionistas controladores buscam é a perenização da empresa, maior, mais potente, obviamente valorizando a marca Sadia, que é a marca mais prestigiada não só no mercado brasileiro como em muitos países do mundo, que tem preço premium e ganha market share", disse Furlan, em resposta a uma pergunta de um analista sobre o posicionamento das famílias Furlan e Fontana na negociação com a Perdigão. Segundo Furlan, uma pesquisa encomendada pela Sadia sobre o impacto dos problemas financeiros da companhia no seu relacionamento com clientes, fornecedores e consumidores constatou que o "impacto foi zero". Entre o primeiro bimestre de 2008 e o mesmo período de 2009, a participação de mercado da Sadia no segmento de congelados no País passou de 44,7% para 45,7%, ocupando a primeira posição, segundo dados da Nielsen. Em resfriados, a fatia passou de 30,2% para 32,5% e, no segmento de margarinas, de 46,8% para 47,5%. Ainda de acordo com Furlan, há "interessados firmes" em alguns dos ativos que a companhia considera vender para se capitalizar após as perdas com derivativos. Somente no terceiro trimestre deste ano, a Sadia tem uma dívida de R$ 1,953 bilhão a honrar. O total do endividamento de curto prazo da Sadia soma R$ 4,164 bilhões, dos quais R$ 1,427 bilhão, com vencimento neste primeiro trimestre, já foram renovados.

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