Publicidade

Sadia reconhece concentração de mercado e aceita exigências do Cade

A maior concentração ocorre na produção de suínos e aves, chegando a cerca de 25%, mas 85% do volume é direcionado ao mercado externo

Por Agencia Estado
Atualização:

O diretor de Relações com Investidores da Sadia, Luiz Murat, disse hoje que a empresa tem consciência de que pode haver concentração em algumas linhas de produtos, caso a proposta de aquisição da Perdigão seja bem sucedida. Porém, segundo ele, a companhia estaria aberta a eventuais alterações para viabilizar a união das duas companhias. "Desde já estamos nos colocando à disposição do Cade e aceitamos eventuais condições ou restrições", afirmou Murat. Segundo ele, a maior concentração ocorre na produção de suínos e aves, chegando a cerca de 25%, mas 85% do volume é direcionado ao mercado externo. Murat mencionou também o segmento de pratos prontos, pizza congelada e tortas salgadas, que tem percentuais altos de concentração, de acordo com dados da ACNielsen que, no entanto, audita apenas algumas capitais brasileiras. A aposta da Sadia é que o Cade vai avaliar o mercado brasileiro como um todo, considerando os pequenos estabelecimentos que também vendem estes produtos. Oferta A Sadia quer comprar 100% das ações da Perdigão por R$ 3,7 bilhões e tornar-se um grande competidor mundial na produção de carnes e suínos industrializados. O objetivo é enfrentar gigantes do setor, como a americana Tyson Foods, que fatura US$ 26 bilhões e ameaça chegar ao Brasil. Hoje a empresa faz uma oferta pública de mercado para adquirir no mínimo 50% mais uma das ações da Perdigão. É a primeira vez no mercado brasileiro que uma companhia faz uma oferta pública por outra. A Sadia está disposta a pagar R$ 27,88 por ação, o que representa um prêmio de 35% sobre a média dos preços dos papéis da Perdigão nos últimos 30 dias, conforme a regra acertada com a entrada da empresa no Novo Mercado Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). A maior parte dos recursos (R$ 2,7 bilhões) virá de um empréstimo do banco ABN Amro. A Sadia tem mais R$ 1 bilhão em caixa para usar na proposta. O prazo máximo para que os acionistas da Perdigão dêem sinal verde à transação é 24 de outubro. Se o negócio se confirmar, nascerá uma gigante do setor de aves e suínos, com receitas líquidas de R$ 12 bilhões, 26 fábricas, 81 mil funcionários e 16 mil produtores integrados. Metade do faturamento da nova companhia virá das exportações. Atualmente, tanto Sadia como Perdigão exportam para cerca de cem países. Perdigão considera preço baixo O presidente da Perdigão, Nildemar Secches, disse na tarde desta segunda-feira que o preço ofertado pela Sadia para a compra da empresa é "extremamente baixo" frente a diversos preços-alvo (valor estimado para o preço do papel, com base nas condições de mercado e nas características da empresa) calculados por instituições financeiras. A média desse valores fica em aproximadamente R$ 35,00, contra os R$ 27,88 oferecidos. "Sabemos que a ação estava subavaliada na Bolsa, mesmo assim o valor ficou um pouco aquém das expectativas", disse. Secches afirmou que o departamento jurídico da Perdigão irá analisar agora a necessidade ou não de a empresa solicitar um laudo de avaliação a alguma instituição financeira para confrontar os valores. Em caso positivo, o conselho escolheria um banco para realizar o estudo, dentre três instituições sugeridas. Isso pode ocorrer já no próximo encontro do conselho, que acontece em 27 de julho. "Temos menos de 10 horas de horário comercial dessa informação. Ainda não sabemos quais são as medidas." Segundo Secches, o acordo de voto entre os fundos de pensão, que respondem por 49,5% do capital da Perdigão, não impede a eventual transação. Pelo acordo, os fundos se comprometem a votar juntos nas assembléias por um prazo de cinco anos. O objetivo é garantir o quórum e evitar a paralisação das decisões da empresa.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.