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Safra de soja deve ser 3,1% menor, prevê IBGE

Por Idiana Tomazelli
Atualização:

O cultivo da soja está sendo prejudicado tanto pela falta quanto pelo excesso de chuvas. Segundo o gerente da Coordenação de Agropecuária do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Mauro Andreazzi, as previsões de volume produzido caíram entre janeiro e fevereiro nos Estados do Paraná (-12,2%), Minas Gerais (-12,4%) e Mato Grosso do Sul (-4,9%). Já em Mato Grosso, o excesso de umidade prejudica a qualidade do grão colhido.No Levantamento Sistemático de Produção Agrícola (LSPA) de fevereiro, a projeção para a safra de soja ficou em 88,442 milhões de toneladas, queda de 3,1% em relação ao levantamento de janeiro. Mesmo assim, a produção deve ser 8,3% maior do que no ano passado, na esteira da ampliação da área plantada em 6,2% impulsionada pelo bom preço.Mato Grosso se mantém como o maior produtor, respondendo por 30% do volume colhido no País (26,529 milhões de toneladas), seguido de Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás.Outra consequência da estiagem, segundo Andreazzi, é a queda no rendimento previsto entre janeiro e fevereiro. No LSPA do mês passado, eram esperados colheita de 2.984 kg/ha (quilos por hectare), queda de 3,1% ante os 3.080 kg/ha previstos em janeiro. Mas ainda supera os 2.932 kg/ha obtidos em 2013.CaféA safra de café a ser colhida neste ano será apenas 0,1% maior do que a do ano passado, ano de baixa produção. Segundo o levantamento, a produção em 2014 deve atingir 2,922 milhões de toneladas, ou 48,7 milhões de sacas de 60 quilos, consideradas as variedades arábica e robusta. Apesar de o atual ciclo ser tradicionalmente de alta produção, as estimativas para as duas variedades foram revistas para baixo em relação ao LSPA de janeiro. O café arábica conta com uma previsão 1,4% menor, enquanto a redução da estimativa para o robusta foi de 2,1%.No caso do café arábica, que responde por 75,2% da produção total, o ano de 2014 não será de alta da produção, explicou Andreazzi. "É um componente fisiológico da planta, os anos pares costumam ser de alta. Mas em 2014 acabamos tendo uma inversão dessa alternância. Por isso, o ano também deve ser de baixa", disse. A previsão é de que sejam colhidas 2,197 milhões de toneladas de café arábica em 2014, ou 36,6 milhões de sacas. Esse montante representa redução de 3,2% ante 2013.Outro problema, segundo Andreazzi, foi a erradicação de algumas plantações, reflexo dos baixos preços internacionais do café, que não remuneravam a ponto de cobrir os custos elevados da produção. Com isso, a área total ocupada pelo café arábica é 1,3% menor do que no ano passado.A estiagem também tem contribuído para a redução nas estimativas, acrescentou o gerente do IBGE. Em Minas Gerais, o maior produtor de arábica, houve redução de 2% na estimativa entre janeiro e fevereiro. Além disso, a produção do Estado deve ser 2,3% menor do que a do ano passado. A previsão está em 1,539 milhão de toneladas. Segundo o IBGE, as altas temperaturas e o baixo volume de chuvas ocorrem justamente no período de enchimento dos grãos.No caso do café robusta, a baixa pluviosidade não tem grande impacto, uma vez que a espécie é mais resistente. A previsão é de uma produção de 724,685 mil toneladas, 11,9% a mais do que no ano passado (mas 2,1% a menos do que na previsão de janeiro). O maior produtor, Espírito Santo, deve colher 578,205 mil toneladas (18,1% a mais do que em 2013).MilhoA recente recuperação nos preços do milho deve estimular o aumento da área plantada na segunda safra do grão, cultivada no inverno. A produção está estimada em 41,932 milhões de toneladas, de acordo com IBGE. O volume colhido deve ser 9,5% menor do que em 2013, mas ainda superior à primeira safra. Mantido esse cenário, será o terceiro ano consecutivo em que a segunda safra supera a primeira."A recuperação nos preços pode incentivar o plantio para a segunda safra, mas no ano passado a safra foi recorde, o que levou à queda do preço, desestimulando os produtores para o plantio", disse Andreazzi. A primeira safra do grão, estimada em 33,013 milhões de toneladas, apresenta queda de 3,4% em relação a 2013.Além da questão dos preços, o clima seco provocou perdas na produção, em especial no Sudeste, segundo o IBGE. No milho 1ª safra, o Paraná (com perda de 22,7% em relação a 2013) deve ser ultrapassado por Minas Gerais (-12,4% ante ano passado) como maior produtor. As lavouras mineiras foram as mais afetadas entre os levantamentos de janeiro e fevereiro, com revisão para baixo em 9,3%.A produção total de milho deve atingir, segundo estimativa do LSPA de fevereiro, 74,945 milhões de toneladas em 2014. O montante será 7% inferior ao colhido em 2013, na esteira de uma redução de 1,2% na área.

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