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Jornalista e comentarista de economia

Opinião|Safra recorde

A produção de cereais, leguminosas e oleaginosas deve saltar neste ano para 221,4 milhões de toneladas, 20,3% maior do que a de 2016

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Atualização:

Depois de uma superprodução de notícias ruins, de crise interminável, desemprego e derrubada do PIB, notícias boas vão se acumulando. Um tanto timidamente, mas vão se acumulando.

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Os primeiros levantamentos mostram, por exemplo, que a arrecadação do setor público voltou a crescer; que a inflação de janeiro surpreendeu os analistas; que, em janeiro, as exportações cresceram 20,6% e o superávit comercial (exportações menos importações) atingiu US$ 2,7 bilhões, o maior em 11 anos. E, nesta quinta-feira, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, garantiu que o PIB voltou a crescer.

Também nesta quinta-feira, veio anúncio de que está a caminho uma supersafra de grãos. O IBGE indica que a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas deve saltar neste ano para 221,4 milhões de toneladas, 20,3% maior do que a de 2016. A Conab trabalha com números parecidos, ainda que algo mais modestos: produção de 219,1 milhões de toneladas, ou aumento de 17,4%. Trata-se de excelente desempenho proporcionado principalmente por uma estação favorável de chuvas, ao contrário do que aconteceu no ano passado, quando a produção caiu 12,2% (veja o gráfico abaixo).

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Desta vez, o aumento da produção física vem acompanhado de preços relativamente firmes (veja o Confira). Isso significa que o setor tende a proporcionar também bom aumento da renda.

Esta Coluna vem chamando a atenção para a excepcional fase do agronegócio – e não apenas para a da agropecuária –, numa conjuntura adversa, da qual a precarização da infraestrutura, os juros altos demais e a carga tributária escorchante são apenas algumas manifestações.

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Depois de tantos anos de valorização da indústria pela política econômica e pela academia, muitos analistas deste país continuam a depreciar o selo do agro. Alegam que pesa pouco no PIB, algo acima de 5%, o que é verdade, ou, então, que emprega relativamente pouca mão de obra.

No fundo, são movidos por preconceitos: o de que o setor está mais ligado a formas primitivas de produção, ao contrário da indústria que, entendem eles, é mais dinâmica; que a agricultura é setor que agrega pouco valor; ou o preconceito de que a valorização do agronegócio embute o risco de transformar o Brasil num vasto fazendão.

São pontos de vista, estes sim, atrasados, que ignoram a importância do emprego de tecnologia avançada no preparo da terra, no plantio, na obtenção de excelência genética das sementes e no cultivo de ponta.

Também é equivocada a informação de que a agricultura emprega pouca mão de obra. A indústria continua fornecendo mais postos de trabalho, mas cada vez mais vai dispensando pessoal e se robotizando.

O setor que mais emprega são os serviços (mais de 70% do PIB) e estes, em razão dos demais, operam com transportes, armazenagem, finanças, comércio, comunicações, assistência técnica e tudo o mais. Se o agro aumenta fortemente sua produção, como neste ano, maior é também a demanda por insumos (máquinas, fertilizantes, defensivos, etc.) e por toda sorte de serviços. É preciso ver a floresta e não apenas a árvore.

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CONFIRA:

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Os gráficos mostram a evolução dos preços de duas das mais importantes commodities agrícolas: soja e milho.

São diariamente cotadas em dólares na Bolsa de Chicago. E apontam para relativa estabilidade.

  • O fator câmbio

Do ponto de vista da renda do agricultor brasileiro, esses preços dependem em boa parte da evolução das cotações do dólar no câmbio interno. A aposta do mercado financeiro (Pesquisa Focus) é de que a cotação do dólar, hoje ao redor dos R$ 3,13, ficará, na média anual, em R$ 3,28.

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Opinião por Celso Ming

Comentarista de Economia

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