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Sai governo, vem novo governo e a taxa resiste

Por Fernando Nakagawa e BRASÍLIA
Atualização:

O tema sempre volta à tona. Nos últimos anos, o spread bancário é sempre lembrado quando há intenção de acelerar o crédito. O problema é que, a despeito da grita dos governantes, todas as iniciativas tomadas até agora surtiram pouquíssimos efeitos. Em outubro de 2000, o então presidente Fernando Henrique Cardoso chamou o ministro da Fazenda, Pedro Malan, e o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, para uma conversa. O tucano queria saber os motivos da queda lenta do spread. Cobrou, então, ações para reduzir o valor. Na época, o spread médio estava em 27,2 pontos porcentuais. No ano seguinte, o mercado financeiro entrou em parafuso com os atentados terroristas nos Estados Unidos, que destruíram as duas torres do World Trade Center e mataram cerca de 4 mil pessoas. Mesmo com 11 de setembro, o spread oscilou pouco e rondava os 29 pontos. Veio a eleição presidencial, o temor dos investidores com as urnas, o dólar bateu R$ 4 e o spread atingiu o maior patamar da série: pouco mais de 33 pontos. No governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a equipe econômica se debruçou várias vezes sobre o tema. Desde o início da gestão, era comum ouvir que havia intenção de reduzir os spreads. No fim de 2006, começou a ganhar corpo a iniciativa que culminou na intenção de criar a Comissão de Instituições Financeiras Federais. O plano, que nunca saiu na prática do papel, era de cortar spreads do Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal para que bancos privados, com medo de perder mercado, fizessem o mesmo. Na época, o spread era de 27 pontos. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, chegou a afirmar que o papel das instituições públicas não era o de ser o banco mais lucrativo. Hoje, em pleno turbilhão pela crise na maior economia do mundo, o governo volta com a idéia. Pelo visto, vai ser preciso muito trabalho porque o spread continua girando em torno de 28 pontos porcentuais, praticamente o mesmo patamar visto por Fernando Henrique Cardoso quando decidiu chamar Malan e Fraga para uma conversa sobre o tema.

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