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Sai primeira desistência para compra da Varig

Grupo europeu ligado à consultoria Azulis desiste da Varig. O rombo nas finanças da Varig foi "maior do que o esperado"

Por Agencia Estado
Atualização:

Pelo menos um interessado em participar do leilão da Varig já desistiu após analisar os números da empresa. O grupo europeu representado pela consultoria brasileira Azulis Capital acaba de desistir do leilão. "Tivemos uma reunião agora às 14 horas, passamos todas as informações solicitadas pelo nosso cliente, que decidiu não mais participar do leilão", disse o executivo Emerson Pieri, que representa um banco franco-suíço contratado pelo tal investidor. Pieri não revela o nome do investidor nem do banco. A Azulis tem como sócia Ivone Saraiva, ex-superitendente do BNDES. Segundo Pieri, o rombo nas finanças da Varig foi "maior do que o esperado". Questionado se o grupo teve acesso ao data-room (sala com informações financeiras da empresa), Pieri não quis comentar. De todas as empresas que compraram o acesso ao data-room entre ontem e hoje, apenas uma não foi identificada por estar representada por um escritório de advocacia, o Ulhôa, Canto, Rezende e Guerra. As demais foram OceanAir, AERO-LB, TAM e GOL. Dentre os pontos que levaram à desistência do tal grupo europeu, Pieri ressalta incertezas sobre a sucessão de dívidas trabalhista e tributária, o problema com a dívida de R$ 2,3 bilhões com o fundo de pensão Aerus e falta de detalhes a cerca do empréstimo do BNDES. Pessimismo Profissionais do setor aéreo estão pessimistas em relação ao sucesso do leilão da Varig. De acordo com eles, a necessidade de capitalização imediata de R$ 75 milhões jogou um balde de água fria nos investidores. De acordo com analistas, com esse capital, seria possível começar a formar uma empresa aérea sem os problemas da Varig. Além disso, slots (horários estipulados para os vôos) da empresa no Aeroporto de Congonhas ficaram de fora do leilão, fato que desestimulou os investidores. Na avaliação de fontes, empresas como a TAM, Gol e OceanAir pegaram o edital e podem até ingressar no data-room, mas será em grande parte para obter informações confidenciais sobre a Varig e não necessariamente para tomar parte no evento. Os principais credores da Varig estão impacientes e a maior parte das empresas de leasing quer os aviões de volta. Observadores chamam a atenção, porém, para as notícias a respeito dos credores do governo, como Infraero e BR Distribuidora, cujos representantes têm demonstrado descontentamento em relação à falta de um preço mínimo para a companhia. Há o temor de que os credores impeçam a realização do leilão por via judicial e que a Varig fique em situação pior, já que ela não tem caixa para continuar a operar por muito tempo. Numa atitude já esperada pelo mercado, a Justiça de Nova York prorrogou a blindagem jurídica da Varig contra o arresto de aviões, dando um pouco mais de fôlego para a empresa. Ela está estruturada para operar com 100 aviões e atualmente trabalha com 47.

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