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Salários caem mais agora do que durante hiperinflação

Por Agencia Estado
Atualização:

Os argentinos estão sofrendo mais no atual momento com o encolhimento de seus salários do que na época da hiperinflação. Isso é o que indica uma pesquisa da Sociedade de Estudos Trabalhistas (SEL), que sustenta que a redução do salário real hoje é muito pior que há mais de uma década. Segundo a consultora, desde o início do ano, com uma inflação acumulada de 21% entre janeiro e abril, os salários tiveram uma redução em média de 40%. No entanto, nos duros tempos da hiperinflação de 1989, quando chegou a 4.923,6%, o encolhimento salarial foi de "somente" 34%, graças à indexação de salários, o que, por outro lado, agravou o índice inflacionário. Na época da hiperinflação, nos últimos meses do governo do ex-presidente Raúl Alfonsín (1983-89), índice de desempregados era de 7%. Hoje, cálculos conservadores afirmam que o desemprego atinge mais de 23% da população economicamente ativa. "Os salários caíram estrepitosamente, e não quero nem pensar no que aconteceria se houvesse uma hiperinflação agora", disse Ernesto Kritz, diretor da SEL. Segundo a consultora, mesmo com a perda do poder aquisitivo dos salários por causa da inflação, 78% das empresas não planejam implementar aumentos salariais. Mas, 16% estão pensando a curto prazo, reduzir os salários mais ainda. Somente 4% planeja aumentar os salários de seus funcionários. Desde o início do ano, apenas 1% das empresas implementou aumentos salariais. A perspectiva de aumentos salariais está sendo descartada pelas associações empresariais. Segundo a União Industrial Argentina (UIA), a "recomposição" salarial somente será possível quando ocorrer uma reativação da economia. Celulares Os telefones celulares estão sofrendo intensamente os efeitos da recessão, que dura quase quatro anos. Símbolo da prosperidade fictícia argentina dos anos 90, nos últimos meses começaram a desaparecer dos bolsos dos habitantes deste país, pela falta de dinheiro para poder custeá-los. Segundo o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec) atualmente existem 341 mil celulares a menos do que no ano passado. Desta forma, o número de celulares caiu de 6,913 milhões para 6,572 milhões, um fato único no mundo, já que nos outros países a proporção destes aparelhos cresce a cada ano. Além da redução no número de celulares, também despencou volume do consumo, que teria caído entre 20% e 25%. Outro setor atingido pela crise argentina é o tráfico aéreo. Segundo a Aeropuertos Argentinos, empresa concessionária dos principais trinta aeroportos do país, o número de passageiros despencou 22,9% em abril, em comparação com o mesmo mês do ano passado. Nos primeiros quatro meses deste ano, a queda foi de 29 4% em comparação com o mesmo período do ano 2001. A publicidade também foi uma área da economia argentina fortemente abalada pela crise. No primeiro trimestre deste ano, os investimentos nessa área reduziram-se em 36,2%, em comparação com o mesmo período do ano passado.

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