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Salários de estrelas sufocam o mercado

Livro de editorialista do New York Times mostra distorções dos ganhos astronômicos de superestrelas , como atletas, músicos e executivos

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Por Redação
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Em 1990, o Kansas City Royals teve a folha de pagamentos mais polpuda da Major League Baseball (a liga de beisebol dos Estados Unidos): quase US$ 24 milhões. Um jogador típico do New York Yankees, que tinha alguns dos jogadores mais caros do esporte na época, ganhava menos de US$ 450 mil.

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Na última temporada, os Yankees gastaram US$ 206 milhões em jogadores, mais de cinco vezes a folha de pagamento dos Royals 20 anos atrás, mesmo descontando a inflação. O salário médio nos Yankees era US$ 5,5 milhões, sete vezes o valor de 1990, corrigido pela inflação.

Os fãs de beisebol poderiam concluir que tudo isso aponta para alguma tendência perniciosa no mercado de craques. Mas isso não é específico do beisebol, nem mesmo do esporte.

Considere-se o mercado de música pop. Em 1982, o 1% de pop stars do topo, em termos de remuneração, amealhava 26% da receita com ingressos para concertos.

Em 2003, essa porcentagem superior de astros – nomes como Justin Timberlake, Christina Aguilera ou 50 Cent – estavam tirando 56% do bolo.

Pelé. O fenômeno nem é específico dos EUA, Pelé, o maior jogador de futebol de todos os tempos, fez sua estreia no Campeonato Mundial na Suécia em 1958, quando tinha apenas 17 anos. Ele se tornou um astro instantâneo, cobiçado por cada time do planeta. Em 1960, seu time, o Santos, pagou-lhe US$ 150 mil no ano – cerca de US$ 1,1 milhão em dinheiro atualizado. Hoje em dia, isso seria um pagamento mediano. O jogador de futebol mais bem pago na temporada 2009-10, o atacante português Cristiano Ronaldo, recebeu US$ 17 milhões atuando no Real Madrid.

Evidentemente, a remuneração inflada dos jogadores de primeiríssima linha tem a ver com mudanças específicas na economia subjacente ao entretenimento. As pessoas têm mais renda disponível para gastar com entretenimento. Os patrocínios corporativos, virtualmente inexistentes na era de Pelé, respondem hoje por uma grande fatia da renda dos jogadores. Em 2009, o jogador de futebol mais bem pago foi o inglês David Beckham, que embolsou US$ 33 milhões com patrocínios além de um salário de US$ 7 milhões do Los Angeles Galaxy e do Milan.

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Teoria. Mas há forças mais amplas em jogo. Há quase 30 anos, Sherwin Rosen, economista da Universidade de Chicago, propôs uma elegante teoria para explicar o padrão geral. Num artigo intitulado "A economia dos superastros", ele argumentava que as mudanças tecnológicas permitiriam que o melhor profissional num determinado campo atenderia a um mercado maior e com isso colheria uma parcela maior de sua receita. Mas isso também reduziria o espólio disponível para os menos dotados no ramo. O raciocínio se aplica à dinâmica da renda na indústria musical, que vem sendo abalada por muitas rupturas tecnológicas desde os anos 1980.

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