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Saldo da balança deve diminuir com crise, avalia FGV

Por Anne Warth
Atualização:

O coordenador de análises econômicas da Fundação Getúlio Vargas, Salomão Quadros, disse hoje que ainda é cedo para dizer se o impacto da crise dos mercados financeiros sobre a economia brasileira poderá desacelerar o crescimento econômico. Ele admitiu, entretanto, que o saldo da balança comercial deve diminuir, já que as exportações devem cair tanto em valores como em quantidade. "Ainda é cedo para dizermos se a economia vai ou não desacelerar. De qualquer forma, o impacto seria sentido somente em 2008. Se a crise se agravar, o câmbio deverá diminuir o megasaldo da balança comercial. Isso é uma coisa que tenderia a acontecer, dados os ciclos das commodities", declarou. De acordo com Quadros, com a possível desvalorização do real, poderão surgir pressões inflacionárias. Porém, na avaliação dele, o Conselho de Política Monetária (Copom) deverá continuar o movimento de redução de juros, já que a meta de inflação de 4,5% ainda não foi atingida. "Se o BC (Banco Central) interromper a queda da Selic (taxa básica de juros), mostrará uma insegurança para a qual não há razões. Ainda temos um dos juros mais altos do mundo. Precisamos ser cautelosos neste momento, mas não a esse ponto", opinou. "Uma mudança mais gradativa da política econômica traz menos estresse ao mercado que algo brusco. Ainda temos gordura para queimar", acrescentou. Para Quadros, as turbulências não deverão ter o mesmo impacto que as crises do final dos anos 90 tiveram sobre o Brasil. "Temos a inércia do crescimento econômico a nosso favor", disse. "Ao final desse período, teremos um câmbio mais alto, mas um resíduo mínimo sobre a inflação", prevê. Quadros afirmou que crises são normais após vários anos de crescimento econômico consecutivo no mundo. "Em períodos de crescimento, a economia abre espaço para vulnerabilidades como inflação, especulação e empréstimos de má qualidade."

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