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Salinas chega ao Brasil com banco popular e apoio de Lula

Por MAIR PENA NETO
Atualização:

O empresário mexicano Ricardo Salinas acaba de colocar o pé no Brasil, com o Banco Azteca de crédito e poupança popular, e já fala em multiplicar, literalmente, o tamanho de seu negócio em cinco anos. O Banco Azteca, que funciona exatamente há cinco anos no México, tem 1.500 agências, associadas em sua maioria às lojas Elektra de venda de eltrodomésticos. No Brasil, Salinas inaugurou na quinta-feira a sua primeira loja, no bairro popular da Água Fria, na capital pernambucana, e já vislumbra o mesmo desempenho obtido em seu país natal. "Queremos chegar a 1.500 lojas em cinco anos. Vamos gerar muitos empregos. No México, são 40 mil empregados", disse Salinas. Classificar as agências como lojas é bem apropriado em se tratando do Banco Azteca. Em Recife, o banco é praticamente um guichê ao fundo das lojas Elektra. Salinas nem precisou fazer a defesa das modestas instalações, assumida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, antes mesmo da inauguração. "Eu já passei na frente (do prédio), é um prédio simples, mas eu penso que é uma outra inovação porque aqui no Brasil os prédios de bancos são muito poderosos, ostentam muito, quando, na verdade, a única coisa que deveria ser bem segura no banco é o cofre", disse Lula em discurso no Fórum Empresarial Brasil-México, poucas horas antes da inauguração da loja/banco. Salinas chegou ao Brasil fazendo barulho. Conseguiu atrair o presidente da República para um negócio que começa com o investimento modesto de 40 milhões de dólares e levou o cantor e compositor Alceu Valença para se apresentar de graça em um palco armado em frente à prefeitura de Olinda, cidade onde pretende instalar a sede do Banco Azteca. "Esse é só o primeiro passo, vamos terminar o ano com 40 a 50 agências", afirmou Salinas, que vai concentrar a atuação do Banco Azteca no Nordeste. "Primeiro em Pernambuco e depois nos Estados contíguos", acrescentou. A proposta do Banco Azteca é operar com a população de baixa renda, o que explica a localização de suas agências em instalações populares. "As pessoas não conseguem fazer uma poupança porque os bancos exigem um depósito alto para abrir uma conta. Aqui, poderão abrir uma poupança com 5 reais", diz o empresário mexicano. Salinas contou que estava há "três, quatro anos" tentando vir para o Brasil, mas enfrentava dificuldades. Foi a intercessão do ex-ministro Delfim Neto, consultor do grupo, junto ao presidente Lula que abriu as portas para a sua chegada. Diante da pergunta de se a demora não acabou sendo uma feliz coincidência, já que a renda das camadas mais pobres da população brasileira está melhorando, Salinas respondeu de bate-pronto: "Chegamos tarde, devíamos ter chegado antes. Mas ainda há tempo, esse é um projeto para dez anos, para a toda a vida." Salinas aposta no volume das operações e acredita que o Brasil será mais importante para o Banco Azteca do que o México. Uma das estratégias do banco é a identificação digital para todos os clientes, o que possibilita que analfabetos possam se cadastrar. As preocupações da área econômica com um possível excesso de crédito no país não assustam o empresário mexicano, que aposta que não haverá nenhum limite ao crédito. "Na classe popular, não há sobreoferta de crédito, há escassez. É importante que as classes populares tenham instrumentos de poupança", defendeu.

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