O boom imobiliário provocou a disparada dos preços dos materiais de construção neste mês. Desde o início do ano, os materiais de construção subiam em torno de 1% a cada mês. Mas, na segunda prévia do Índice Nacional da Construção Civil (INCC-M) deste mês, que captou a variação de preços entre os dias 21 de maio e 10 de junho, os materiais de construção ficaram, em média, 1,8% mais caros. "Houve uma mudança de patamar nos preços dos materiais de construção, de 1% para quase 2% ao mês em junho", afirma o coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros. Ele observa que, normalmente, a pressão do INCC-M em junho vem do reajuste da mão-de-obra, por causa dos dissídios em vários Estados. A novidade, este ano, é que, além dos dissídios, há pressão de preços dos materiais. O INCC-M de junho subiu 2,84% ante 0,82% em maio. Em 12 meses até junho, já avançou 8,88%. "É fácil encontrar materiais de construção que estão em alta este mês", afirma Quadros, reforçando a idéia de que as elevações são generalizadas. Entre os vilões da inflação da construção estão itens básicos e insubstituíveis. O vergalhão de aço, por exemplo, subiu 6,76% este mês e acumula alta de 18,80% no ano. A areia teve reajuste de 5,19% em junho e de 10,57% no ano. O cimento, outro item básico, subiu 2,12% este mês e acumula elevação de 2,90% no ano, segundo o INCC, que mede os preços pagos pelas construtoras. No pequeno varejo, os aumentos são maiores. A Casa Paty, revenda de materiais de construção, aumentou de R$ 16,60 para R$ 17,80 o saco de 50 quilos de cimento. Nos últimos 30 dias, a alta foi 7,2%. Segundo Hiroshi Shimuta, presidente do Conselho da Anamaco, que reúne revendas de materiais de construção, o repasse é imediato. "A demanda está aquecida." No caso das construtoras, o diretor do Sinduscon-SP, Eduardo Zaidan, diz que não há como brecar os aumentos. "A demanda por materiais já está contratada por causa do grande volume de lançamentos."